Desculpem, mas é tarde para me alistarem
O Sol e o CM dizem que estou mencionado em escutas a José Sócrates e ao jornalista Afonso Camões, no verão de 2014. Sócrates queria, dizem, que eu fosse para diretor do DN. Ora, as escutas são feitas a terceiros, não a mim. Ora, o meu nome não é mencionado, só sugerido. Ora, são escutas sob segredo de justiça, daquele milho que investigadores judiciais deitam aos pombos-correios... No entanto, não vou fugir à questão. O que ficou a planar foi: eu combinei um cargo com um político. Se calhar é costume (com político, com irmão maçon, com correligionário), não sei... Não para mim. Não só por razões éticas do jornalismo - que as há, e fortes - mas porque comigo é assim. Nunca quis na minha carreira profissional esta dúvida: sou o que sou graças a mim ou não? Julgo ser o jornalista português que mais se despediu (de Tal&Qual, Diário Popular, O Jornal, Público, DN, Visão, Focus, Record, CM, Sábado...), e isso não é de homem de costas quentes. Não sou fiel, sou leal. Empregos tive-os porque jornais convidaram ou fui ter com o diretor, sem padrinhos: sou Fulano e quero trabalhar. E, logo no início, o patrão sabe que pode largar-me como eu a ele: avise-me com um mês, bye-bye... Se, com Sócrates, combinei um cargo, nem esse mês quero, saio na hora. Aos leitores, digo-o já. E aos do milho: já que instigaram o insulto, quando me chamam? Outra coisa: diretor do DN?! Todos os meus sabem: não saberia sê-lo. Logo, queiram ou não, eu não quero.