Então, vamos lá, além do diz que disse
O 22 de Novembro é uma data fundamental, mas não pelo espetáculo mediático no aeroporto à chegada de José Sócrates; nem, tão-pouco, pela fuga de informações para alguns jornais. O espetáculo baseia-se no antigo desprezo pelos cidadãos e se, sim, é importante criticar o circo indigno podemos fazê-lo todos os dias, contra a exposição, numa rua concorrida, dos familiares de presos que esperam a visita aos seus na Penitenciária de Lisboa. Já a fuga de informações baseia-se na velha impotência de investigadores judiciais que precisam de pombos- -correios para propagar o que eles ainda não sabem provar e, sim, esse tráfico é importante criticá-lo, até porque jornalistas com necessidade de ração quotidiana abundam. Mas o 22 de Novembro é muito mais do que esses costumes feios e triviais. É a data em que um ex-primeiro-ministro foi detido, suspeito de não ter sido honesto com os bens que os portugueses lhe confiaram. Desta vez, a suspeita não foi destilada só em manchetes de pombos-correios, não. Daí a data ser fundamental: tem a marca da Justiça. Essa condição dá o significado ao 22 de Novembro. Se a Justiça o prova, maldito seja o líder que abusou o seu país, os compatriotas e os seus correligionários. Se a Justiça foi irresponsável, pobre diaba que tem de ser refeita de cima a baixo ao comprovar a fraca conta que dela tem a opinião pública. No após 22 de Novembro estaremos certamente mais sábios. E o regime não feito só de suspeitas.