Jammu e Caxemira é um assunto de natureza fulcral entre o Paquistão e a Índia, que desde 1947 tem dificultado as relações entre os dois países. É a origem das tensões e dos conflitos na região sul asiática. A perspetiva de Quaid-e-Azam Muhammad Ali Jinnah relativamente ao que deveria ser a política externa refletiu-se claramente nas suas declarações de 15 de agosto: "O nosso objetivo deverá ser a paz interna e a paz com o exterior. O nosso desejo é viver de forma pacífica e manter relações cordiais e amigáveis com os nossos vizinhos mais próximos e com o mundo na sua globalidade.".A Índia e o Paquistão são vizinhos próximos e consequentemente deverão agir em parceria no sentido de promover o desenvolvimento económico e a prosperidade na região. Infelizmente, estes países vizinhos têm estado envolvidos em hostilidade e conflito desde o início. A violência que acompanhou a divisão do território gerou uma hostilidade que tem continuado a dificultar as relações entre os dois países, principalmente devido à situação pendente de Jammu e Caxemira. Esta situação de instabilidade e tensão projeta-se negativamente sobre o ambiente social, económico e político na região sul asiática. O conflito de Caxemira continua por resolver. As resoluções do Conselho de Segurança da ONU ainda estão por implementar. Várias gerações de habitantes de Caxemira têm constantemente assistido ao quebrar de promessas e vivido em clima de violenta opressão..Quem melhor descreveu a posição do Paquistão relativamente a Caxemira foi nada menos que o antigo primeiro-ministro indiano Jawahar Lal Nehru, que em 1951 declarou: "Nós comprometemo-nos perante o povo de Caxemira e subsequentemente perante as Nações Unidas. Mantivemos a nossa promessa e mantemo-la agora. Deixemos o povo de Caxemira decidir." A Índia recuou na sua promessa..O Paquistão sempre defendeu a resolução pacífica de todas as questões, incluindo a questão crucial de Jammu e Caxemira. A paz poderá ser conseguida através do diálogo, não do desinteresse. Não há duvida de que a não resolução do conflito de Jammu e Caxemira permanece como a causa mais profunda das tensões entre os dois países..A cooperação económica, o aumento da confiança e a resolução de conflitos estão interligados. Não é possível construir um clima de confiança, que é a chave para o estabelecimento da paz, da estabilidade e da cooperação económica, sem abordar a origem profunda de todas as tensões. A menos que os líderes indianos se disponham politicamente a abordar o assunto de Jammu e Caxemira, a Índia e o Paquistão não serão capazes de explorar totalmente o seu potencial económico, social, cultural e político. A chave para desbloquear os destinos da região sul asiática é a resolução de todos os conflitos de forma cordial e equitativa, com base na igualdade soberana e usando de dignidade e respeito..É necessário que o governo indiano encare a questão das violações dos direitos humanos no território ocupado de Caxemira. A comunidade internacional, observadores independentes e os meios de comunicação social têm reportado regularmente casos graves de violações de direitos humanos do povo de Jammu e Caxemira. Violações do cessar-fogo ao longo da linha de controlo e da fronteira ocorrem diariamente, causando a morte de civis, incluindo mulheres e crianças. É urgente atentar nestas questões humanitárias, em vez de iludir a comunidade internacional, chamando "terrorismo" à luta dos habitantes de Caxemira pela autodeterminação. Isto é errado e injusto. E completamente oposto à verdade..Se o conflito de Caxemira for resolvido todos beneficiam. O sofrimento do povo de Caxemira chegará finalmente ao seu termo e as relações entre a Índia e o Paquistão poderão prosperar. A cooperação regional crescerá. A região sul asiática poderá juntar-se ao grupo de outras regiões com histórias de sucesso em termos de desenvolvimento e de progresso. Assim sendo, urge resolver o conflito de Caxemira e fazer da cooperação a definição cultural da região sul asiática..Embaixadora do Paquistão em Lisboa