A abstenção do nosso descontentamento

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A abstenção nas presidenciais deverá rondar, segundo dizem, os 70%, o que já levou Marcelo a considerar altamente provável uma segunda volta neste ato eleitoral.

É, sem dúvida, a abstenção do nosso descontentamento, mas, dadas as dificuldades por que todos passamos, até poderia ser mesmo o Inverno do nosso descontentamento, para sermos mais exatos na citação da obra de John Steinbeck, escritor norte-americano de renome.

A confirmarem-se os 70% - tenho esperança de que poderá ser inferior - a abstenção de domingo situar-se-á nos níveis que precederam a queda da primeira República, com o início do Estado Novo.

Desta vez, porém, e haja a abstenção que houver, a nossa democracia não corre perigo, porque somos membros da União Europeia, espaço de países livres e democráticos. Um novo Estado Novo, passe a repetição, seria hoje totalmente impensável, dado os condicionalismos que referi.

E também, julgo eu, por não ser essa a vontade da grande maioria do povo português. Foi com profundo agrado que vi uma sondagem, que dizia - Marcelo, o mais popular, Ventura o mais rejeitado.

Não creio que só um quarto dos portugueses, em números redondos, irá votar nestas presidenciais. Até porque, no voto antecipado, exerceram o seu dever cívico 80% dos inscritos! O que é um bom presságio.

Mas a ver, vamos. Como disse um futebolista famoso, prognósticos só no fim do jogo. E é o melhor que há a fazer. A vitória de Marcelo, com segunda volta ou não, parece certa. O actual Presidente tem sido mesmo o vencedor anunciado. Não haverá, seguramente, nenhuma surpresa, por maior que fosse, que desmentisse o que se afirma.

O voto em Marcelo, além de ser no nosso regime democrático, é também na estabilidade, valor supremo que todos os povos ambicionam. Marcelo tem sido simpático para o povo, com os afectos, e para o Governo, não lhe criando dificuldades. Não foi Cavaco perante Sócrates, nem Soares para com Cavaco. Bem, Marcelo!

Foi um Presidente isento e imparcial, tratando a esquerda e a direita da mesma maneira, não obstante a sua conhecida família política. A sua provável vitória será justa. Os socialistas vão dar-lhe, certamente, a grande maioria dos seus votos. Ana Gomes surgirá a rodapé na história destas presidenciais. E Ventura fica a saber o que é a desventura!

Vá votar no domingo. Para ficar em casa, já basta a pandemia. Não delegue nos outros o que a si compete. Se não vota, fica sem autoridade moral para se queixar dos seus males. O voto é a sua arma!

Citando Joe Biden, a democracia é frágil, mas prevalece.

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