O Donald

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Trump venceu no Indiana e fez o pleno que importa nestas primárias. Conquistar os delegados em disputa; ser visto maioritariamente como o candidato de fora do aparelho, dado que no Indiana seis em cada dez republicanos quer que o próximo presidente não tenha origem no establishment; e ser altamente competitivo entre os evangélicos brancos (55% dos republicanos neste estado), acrescentando-lhes quem ocasionalmente vai à igreja ou até quem nunca vai. Donald Trump bateu Ted Cruz em todos estes parâmetros. Mas há ainda um nível extra para que o pleno no Indiana se transforme na consagração das primárias: ter o apoio público das figuras do partido. A onda interna never Trump mostrou não ter grande dinâmica e a ideia de esvaziar politicamente as primárias encenando uma convenção aberta também está a cair por terra. Por isso foi importante o apoio já dado pelo presidente do Comité Nacional Republicano, Reince Priebus, quando apelou à união do partido à volta "do Donald" numa campanha focada, agora sim, num never Clinton. O principal interesse daqui em diante será perceber como é que Trump se irá tornar o candidato do establishment e se a inversão o aproximará de Hillary nas sondagens. Bem sei que Sanders ganhou ontem, mas os delegados foram repartidos quase ao meio e é impossível matematicamente ao velho Bernie chegar à nomeação. O que está a tentar é ter um lugar determinante nos debates da convenção, das próximas políticas públicas democratas e introduzir a sua gente no aparelho de Estado. Sanders, no fundo, também quer entrar no establishment. Mas, apesar da derrota, Hillary está à beira da nomeação. Aliás, diria que está à beira da Casa Branca. Para isso basta que em novembro ganhe nos 19 estados onde os democratas vencem há seis eleições seguidas e lhe acrescente a Florida. Para isto, o never Trump pode ser repescado mas precisa de muito melhor uso.

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