A inteligência artificial está a transformar o mundo, e a saúde mental não escapa a essa revolução. As ferramentas digitais prometem escuta, apoio emocional e até mesmo “terapia”. Mas há uma pergunta que não podemos ignorar: Poderá a IA substituir o psicólogo? O que tem um psicólogo humano que a IA jamais poderá ter? A resposta começa na escuta ativa e na empatia. Não a empatia programada, mas a genuína. O psicólogo sente com o outro, lê entre linhas, percebe silêncios. Capta o tremor na voz, o olhar que foge, o gesto que denuncia dor. A IA pode reconhecer padrões, mas não pode sentir. Pode responder com lógica, mas não com afeto. Depois, há a relação terapêutica. A confiança que se constrói, o vínculo que cura. O espaço seguro onde o cliente se revela, sem medo de julgamentos. A IA não pode oferecer presença humana. Não pode garantir que está ali, inteira, a escutar com o coração e com a mente. O psicólogo humano tem também toda uma história, vivências e intuição. Por isso, toma decisões clínicas com base na evidência científica, mas também na sua experiência e sensibilidade. Destacamos ainda a ética. O psicólogo é regulado e supervisionado e, se for caso disso, responsabilizado. A IA, por mais avançada que seja, coloca-nos sérias dúvidas sobre confidencialidade, segurança de dados e responsabilidade em caso de erro. Não podemos negar que a IA seja útil neste contexto concreto. Pode ajudar na triagem de sintomas, no acompanhamento entre sessões ou na educação para a saúde psicológica. Pode também ser especialmente útil em contextos de escassez de profissionais ou em populações com dificuldades de acesso aos serviços de saúde mental. Mas não pode substituir o encontro humano, que é o cerne da psicoterapia. Assim, a diferença entre um psicólogo e a IA reside, sobretudo, na capacidade de compreender o ser humano na sua totalidade – com emoções, contradições, histórias e afetos. O psicólogo não oferece apenas respostas; oferece presença, acolhimento, e um espaço seguro para a transformação e o crescimento. Em jeito de conclusão, podemos afirmar que a IA pode ser uma aliada, mas nunca uma substituta. A IA lida com algoritmos. O psicólogo humano lida com humanidade. Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal