O PS e Portugal precisam e merecem um novo rumo!
O país está a sair de umas eleições legislativas que tiveram como consequência:
a) O crescimento da AD
b) O crescimento do Chega para um patamar nunca antes alcançado
c) A redução do PS para o pior resultado de sempre
Para além disso, no sempre deformado confronto entre direita e esquerda, a mais diminuta representação de sempre da esquerda parlamentar.
O PS teve o seu pior resultado politico de sempre.
Andei na rua, participei em várias ações da campanha eleitoral, e o que é que vi?
Passados que são 51 anos de democracia e 52 anos de fundação do PS, o partido, os seus simpatizantes e eleitores, envelheceu, não soube acompanhar o tempo, perdeu a juventude e a criatividade, perdeu e deixou de ganhar quadros e pior que tudo não está, de todo, preparado para os tempos novos, duros e desafiantes que se avizinham.
Infelizmente, tudo parecia reconduzir-se a um triste, degradado e degradante espetáculo mediático que apenas contribui para repelir as pessoas de participarem na vida coletiva, confundindo os likes das redes sociais com a participação cívica.
Aos socialistas coloca-se o desafio de compreender o País para poder voltar a representar uma vontade eleitoral maioritária. Não podemos pensar que todos os que não votaram PS, principalmente os que o faziam habitualmente estão errados.
O PS tem de compreender a mensagem que o eleitorado lhe deu e o nosso compromisso com o eleitorado terá de ser diferente, mais próximo das soluções para os problemas reais de quem vive neste país.
Não basta dizer que fazemos falta à democracia portuguesa. Temos de estar preparados para o demonstrar. Discutindo e apresentando propostas de políticas que resolvam os problemas reais das pessoas.
E temos que estar preparados para, sem qualquer perverso equívoco tático, dizer que a extrema-direita é o inimigo atual da democracia e que, uma certa direita, democrática no cumprimento da forma é contra os direitos sociais e económicos que são, eles próprios, definidores da democracia moderna e âncoras essenciais da dignidade da pessoa humana.
Com o resultado alcançado o que é que o PS aprendeu?
Aprendeu que é necessária uma proximidade às pessoas, todas, e às suas preocupações?
Aprendeu que o estado de vulnerabilidade de grande parte da população não a conduz necessariamente a um voto nas forças progressistas?
Aprendeu que a instabilidade que se vive na europa e no mundo não podem ficar de fora da discussão e da proposta política?
Aprendeu que é urgente e condição de sobrevivência fazer mudanças profundas na forma como se organiza, e na forma como faz e gere a ação politica?
Aprendeu que é preciso criar permanentemente riqueza, e ter um estado forte dotado de uma administração eficaz e eficiente, para se ter um estado social forte ao serviço dos mais fracos?
Aprendeu que o desafio é produzir e oferecer aos cidadãos uma ideia de prosperidade a prazo e não um discurso sobre os fait divers do dia-a-dia?
Espero que sim.
Para isso é necessário dar ao PS um novo rumo e uma nova esperança, ao serviço dos portugueses.
É urgente uma nova e clara produção programática.
É urgente construir uma nova mundivisão, sem equívocos, que incorpore os perigosos desafios do nosso tempo.
É urgente reposicionar politicamente o PS no seu espaço político de sempre, como partido central e charneira do sistema político, reconstruindo o nosso projeto e a nossa proposta política para Portugal.
É imperioso chamar e mobilizar todos. Os socialistas e todos aqueles que, pelo menos desde a década de 90 do século passado, se juntam a nós para construir políticas credíveis e alternativas.
Entendo, por isso, que chegou a hora de o PS ter uma nova liderança, novos protagonistas, com coragem e visão e com grande proximidade aos portugueses e às suas preocupações do quotidiano.
Agregando todos, sem vencedores nem vencidos.
Nova liderança que, à semelhança do que aconteceu aquando da eleições de António Costa, deve ser escolhida, sem pressas, em eleições diretas, com a participação dos simpatizantes do PS, para escolha de um novo líder e de uma nova liderança.
A participação é uma marca identitária do PS e é profundamente mobilizadora de todos aqueles que, com equilíbrio, rigor e responsabilidade querem construir uma maioria política e social de progresso, bem-estar e democracia plena. Com tempo, maturidade e uma perspetiva de longo prazo, acompanhando o moderno pensamento da esquerda democrática europeia e reconstrução em curso deste espaço político essencial para a humanidade.
Advogado e gestor