O próximo passo
Entre familiares ou amigos, quase todos os portugueses conhecem alguém que está ou esteve emigrado. É uma realidade presente na vida de muitos e que se conhece há várias gerações.
Este fluxo migratório atingiu o auge nos anos mais recentes entre 2011 e 2015, durante o último Governo de PSD e CDS, quando mais de 586 mil pessoas decidiram abandonar Portugal - uma média de quase 120 mil saídas por ano. O apelo de Pedro Passos Coelho, que indicou a porta de saída aos portugueses desempregados, terá ajudado.
Desde então, a trajetória melhorou de forma considerável. Depois de 2015, a média caiu para 77,5 mil; e em 2022, último ano para o qual temos dados disponíveis, foram 71 mil portugueses a emigrar. Apesar disso, a atenção mediática a este tema tem crescido, sobretudo devido aos jovens qualificados que procuram oportunidades fora do país.
Portugal investiu a sério na capacitação das gerações mais jovens. Além do reforço da oferta formativa, a redução (para quase metade em termos reais) do valor da propina ao longo dos últimos 8 anos democratizou o acesso ao Ensino Superior. Contudo, se não houver capacidade de reter estes jovens, o país arrisca subaproveitar este investimento.
Nos últimos anos o país concretizou medidas importantes. Acabou-se com os estágios não-remunerados no acesso às ordens profissionais. Foi introduzido o IRS jovem para aumentar os rendimentos de quem entra no mercado de trabalho. Promoveu-se, de modo decisivo, o apoio às famílias jovens, com o acesso gratuito às creches.
Com o equilíbrio orçamental atingido de forma sustentada - que permitiu reduzir a dívida para o valor mais baixo dos últimos 14 anos - temos agora a capacidade de intervir de forma mais acentuada em prol das gerações mais jovens e mais qualificadas. Identifico três áreas fundamentais:
Primeiro, continuar a apoiar a qualificação da economia. A economia portuguesa está a evoluir e aumentou o perfil exportador nos últimos anos, mas terá de se tornar mais sofisticada para que o reforço de qualificações seja aproveitado pelo tecido empresarial e para que continue o percurso de valorização dos salários.
Segundo, dar resposta à crise habitacional que afeta toda a Europa. O Governo já passou do diagnóstico à ação, com os investimentos do PRR no reforço do parque habitacional público, o programa Mais Habitação, e os apoios às rendas que chegam a 230 mil famílias.
Ainda não é suficiente, mas o caminho começou a ser feito depois de décadas de inação.
Terceiro, estabelecer um pacto de confiança para o Estado Social com funcionários públicos e os portugueses em geral. Por um lado, assegurando que os serviços públicos conseguem responder às necessidades da população de forma eficaz. Por outro, que o trabalho dos médicos, enfermeiros e professores é valorizado (logo, incentivando os jovens portugueses que se qualificam nestes domínios a ficar no país).
Portugal é um bom sítio para viver. Os jovens e os mais qualificados ficarão se desfrutarem dessa qualidade de vida. Por isso, precisamos de continuar a focar-nos nas políticas para esta geração. Para que “a geração mais preparada de sempre” não desista do nosso país.
18 valores: Diogo Ribeiro
Em 22,97 segundos, tornou-se o primeiro português Campeão do Mundo de Natação.
Tem 19 anos. Em 2021, três dias depois de ter sido Vice-campeão da Europa, teve um acidente de mota. Demorou quase um ano a recuperar física e mentalmente.
Disse que nadou “com o coração”. Está no nosso coração.
Eurodeputado