Ouvi recentemente um jovem de 16 anos dizer que acredita que a masturbação pode levá-lo à loucura. Outro não sabia o que era uma ereção, mas falava em colocar preservativos. Outro, ainda, afirmava categoricamente que “namorada minha tem de fazer sexo como eu quiser e tem de gostar”. Infelizmente, estes não são casos isolados, mas, sim, sintomas de um silêncio social que continua a perpetuar a ignorância.A educação sexual continua a ser um tabu, gerando burburinhos, risinhos e faces coradas em muitas pessoas – jovens e adultos. Nas escolas, é frequentemente reduzida a uma abordagem biológica ou moralista, faltando espaço para falar de emoções, consentimento, prazer, identidade e limites. Também muitos pais evitam o tema por vergonha, desconhecimento ou determinadas crenças, culturais ou religiosas. Existem muitos silêncios em redor deste tema, reforçando a ideia de que a sexualidade é algo “errado”.Curiosos e atentos, os jovens recorrem, então, àquilo que têm mais à mão – a Internet, tantas vezes fonte de desinformação, distorcendo perceções sobre o corpo, as relações, os afetos e o consentimento. E esta desinformação tem, não raras vezes, um impacto psicológico significativo – gera medo, culpa, ansiedade, baixa autoestima, dificuldades em estabelecer relações saudáveis e respeitosas.A sexualidade não pode continuar a ser um território de mitos e medos. É urgente criar espaços seguros, informados e empáticos onde os jovens possam aprender, perguntar e crescer. Porque falar de sexualidade é falar de saúde, de respeito e de segurança. O silêncio não protege – apenas perpetua a ignorância. Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal