O partido da guerra à beira de um ataque de nervos
No rescaldo dos recentes ataques ucranianos às bases aéreas russas, várias personalidades próximas de Trump vieram a terreiro manifestar a sua opinião sobre o perigoso momento em que se encontra a humanidade como, por exemplo, o ex-mentor de Trump Stephen Bannon e o ex-conselheiro de segurança nacional Mike Flynn, refletindo ambos pensamentos muito próximos.
Numa recente mensagem colocada no “X”, Flynn alerta para a atuação de quem se encontra por detrás dos acontecimentos em curso e que empurram os EUA para uma confrontação militar de larga escala, com a Rússia. Dos vários aspetos abordados na referida mensagem, um merece particular atenção.
Flynn alerta para o facto de a maior parte da América permanecer alegremente desinformada pela comunicação social (CS), enquanto “as duas maiores superpotências do mundo são manipuladas pelas Forças das Trevas, dentro e fora do nosso governo [Administração Trump], para um grande confronto militar que nenhum país quer, e que nenhuma pessoa sã jamais desejaria.” O mesmo sucede na Europa, onde proliferam os idiotas úteis. Tal como a antiga presidente da Lituânia Dalia Grybauskaite que dizia “as armas nucleares já não amedrontam ninguém”, também nós temos cá criaturas semelhantes.
Flynn reitera algo que já sabíamos, mas que dito por alguém com a sua idoneidade ganha uma força e um sentido redobrado. “O 'Estado Profundo' (Deep State) americano é composto por pessoas com um ódio profundo, visceral e irracional à Rússia, que conspiraram para interferir na tomada de decisões do Presidente Trump através do [conhecido] Russiagate Hoax.”
Flynn recorda-nos o óbvio, mas que causa incómodo a muita gente, na maior parte das vezes, por pura ignorância: “A Rússia não é a União Soviética e Putin não é Estaline”. “A CS oficiosa, profundamente influenciada e por vezes controlada pelo 'Estado Profundo', rotulou o Presidente Trump e aqueles que trabalham para ele de 'marionetas de Putin', para o incitar a tomar medidas injustificadas e agressivas contra a Rússia.”
“Estas vozes da CS do establishment refletem os pontos de vista do 'Estado Profundo', não do povo americano, não do movimento MAGA, e devem ser completamente ignoradas, se não mesmo ridicularizadas.” “Durante quase todo o período do pós-Segunda Guerra Mundial e certamente desde a criação da CIA, em 1947, essas forças obscuras do establishment, não eleitas, têm atuado para desestabilizar o mundo, trazendo morte, fome, assassinatos, violência, golpes de estado, motins, revoluções e destruição no nosso planeta.”
“Atualmente, estas forças estão a trabalhar para provocar a Rússia para um grande – talvez o último – conflito militar com o Ocidente.” Estas provocações têm assumido muitas formas: destruição do Nordstream, ataque aos radares de aviso prévio associados ao sistema nuclear russo, etc. e, mais recentemente, o ataque de drones ao arsenal estratégico da Federação Russa. Como salientou Flynn, “os bombardeiros estratégicos russos e americanos são obrigados, por acordo, a encontrarem-se visíveis à vigilância satelitária”. “Nunca ninguém atacou esses alvos. Se os bombardeiros russos podem ser atacados impunemente, o mesmo acontece com os bombardeiros americanos. Com esta ação, o Governo ucraniano não só enfraqueceu a Rússia como pôs em risco a América. Assim, os membros do Governo ucraniano que ordenaram estes ataques tornaram-se inimigos não só da Rússia, mas também dos Estados Unidos.”
Flynn não acredita que “a recente escalada contra a frota de bombardeiros estratégicos da Rússia tenha sido autorizada ou coordenada com o Presidente Trump. Pelo contrário, pensa que o 'Estado Profundo' está a agir fora do seu controlo. O 'Estado Profundo' está envolvido num esforço deliberado para provocar a Rússia para um grande confronto com o Ocidente, incluindo os Estados Unidos.”
Segundo ele, “chegou o momento de tomar medidas agressivas contra aqueles que abusam da sua autoridade como funcionários do Governo, para manipular a liderança eleita da nossa nação [EUA]. O 'Estado Profundo' americano não é apenas uma ameaça à paz, mas também uma ameaça ao Presidente”. Por isso, exorta “Trump a tomar medidas para purgar os inimigos da nossa nação [EUA] dentro das nossas agências e departamentos. Retirar essas pessoas do poder é absolutamente necessário para alcançar o tipo de paz que ele descreveu durante a sua campanha e no início da sua Administração.”
Flynn estabelece uma analogia com o presidente John Kennedy, quando este se apercebeu de que estava a ser manipulado, e afastou Allen Dulles do cargo de Diretor dos Serviços Centrais de Informações, bem como vários dos seus assistentes, que se opunham a quem procurava a paz. Nessa linha, exorta “o Presidente Trump a limpar imediatamente a casa de todos os membros do Governo que tiveram conhecimento prévio ou participaram de alguma forma no ataque ucraniano aos bombardeiros estratégicos da Federação Russa e a ir mais longe, declarando imediatamente o fim de qualquer apoio à Guerra da Ucrânia.” “Todos os americanos que ajudaram e foram cúmplices dos ataques da Ucrânia devem ser investigados por violação da lei americana e processados na medida do necessário.”
Aconselha, ainda, o presidente Trump a distanciar-se de certos líderes ocidentais, como o Chanceler alemão Friedrich Merz, que atuaram e falaram de forma irresponsável em relação à guerra na Ucrânia. “Se há países na Europa que desejam prestar assistência militar à Ucrânia, isso é da conta deles, e não devem ficar surpreendidos depois com a resposta do presidente Putin às suas ações contra a Rússia. Se esses dirigentes quiserem conduzir as suas nações para guerra, persistindo num comportamento irresponsável, deverão fazê-lo sozinhos.” “Este procedimento deve aplicar-se igualmente aos belicistas instalados no Governo norte-americano, entre os quais o Senador Lindsay Graham. Aqueles que adoram as guerras travadas por outros não são amigos da América e não têm o direito de ser amigos do presidente.”
Por último, Flynn “exorta o povo americano a apoiar, em espírito de oração e determinação, o presidente Trump, enquanto ele limpa a casa e atua em busca da paz que o Presidente Kennedy abraçou. A paz não é o estado normal do homem. A liberdade exige um preço a ser pago por cada geração. É altura de voltar a comprometer a nossa nação com ambos.”
Está, pois, na altura dos povos europeus abrirem os olhos e não se deixarem embalar pelo canto das sereias que atrai, seduz e cativa, mas que poderá conduzir ao naufrágio.