O palco dos sonhos

A expressão que titula esta coluna não é nova. Aliás, tem inúmeras aplicações uma vez que os "palcos dos sonhos" são muitos e espalham-se por esse mundo fora. Talvez por esse motivo o edil de Lisboa tenha defendido várias vezes o seguinte: se o objetivo é ser o centro do mundo por uns dias, é necessário avançar com a construção de mais um "palco dos sonhos".

Sobre essa discussão, que já vai longa, é essencial esclarecer que nada está decidido. Como é habitual, a palavra final caberá à Assembleia Municipal de Lisboa (AML) que amanhã decidirá a viabilidade (ou não) dessa polémica obra. Portanto, amanhã saber-se-á se a concessão do empréstimo que a Câmara Municipal quer contrair (para pagar o palco e outras realizações ligadas à Jornada Mundial da Juventude - JMJ) será aprovado.

Do que já se viu no passado, mais concretamente aquando da aprovação do orçamento da SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana) - empresa Municipal encarregue pelas empreitadas da JMJ -, o PSD (principal força política que sustenta Carlos Moedas) não viabilizou o orçamento dessa empresa, obrigando a que o mesmo fosse votado duas vezes na AML. Assim, tudo está em aberto.

O que está em causa é um prestigiante evento internacional que se pretende ver realizado em Portugal, mais concretamente em Lisboa. O mesmo já envolveu o empenho e dedicação de muitas pessoas e organizações, sendo que a sua concretização alberga um conjunto elevado de vantagens económicas para a região.

A ação deve agora focar-se no essencial: a realização da JMJ em Lisboa, mas, mesmo com a importância referida, despesismos e megalomanias não serão bem vindas.

Os procedimentos para a adjudicação do famigerado palco deveriam, de facto, ter sido outros ou pelo menos mais transparentes, como costuma sugerir Carlos Moedas. E mais clareza consubstanciar-se-ia, por exemplo, através do recurso ao concurso público. É lamentável que um presidente que tanto apregoa transparência agora não enxergue mais do que um palmo à sua frente.

É inquestionável que os Lisboetas quiseram mudar nas últimas autárquicas. Contudo, talvez agora seja uma boa altura para os cidadãos da capital olharem em seu redor e perceberem os resultados práticos dessa mudança. O "palco dos sonhos" é mais um exemplo, a par de muitos outros.

Será que a responsabilidade é efetivamente do anterior executivo municipal, do Presidente da República ou da Igreja? Facto é que o atual presidente da câmara de Lisboa culpabilizou todas as partes mencionadas acima, uma atitude típica de quem se encontra em desnorte e ausente da sua própria realidade e gestão.

Porque soluções precisam-se e são urgentes, o PS criou uma subcomissão na AML destinada ao acompanhamento do processo da JMJ. Por isso, com tranquilidade e sem conceder (ao contrário do PSD), o PS viabilizou o orçamento da SRU que previa as verbas para a JMJ.

Resumindo, o PS continuará atento e vigilante para assegurar que Lisboa possa realizar este grande evento, mas não a qualquer custo. Asseguraremos a devida fiscalização da atividade da CML, não permitindo o descalabro das contas públicas. Não foi à toa que o atual executivo encontrou uma autarquia com grandes projetos, muita obra em curso, e um orçamento sólido e preparado para o futuro.

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