Um dos, vários, problemas que Portugal enfrenta passa pela qualificação dos seus recursos humanos e a escolha das saídas profissionais adequadas para o que o país, nas suas diversas regiões, necessita. Tal como é cada vez mais necessário integrar as universidades e os politécnicos nesse trabalho de identificar as opções corretas para fazer crescer essas mesmas regiões.O Governo está ciente dessa dificuldade e na divulgação dos resultados do relatório da OCDE Education at a Glance 2025, deixou claro que tem de haver uma mudança na forma como os jovens que vão entrar no ensino superior encaram o seu percursos académico e, depois, profissional. Na ocasião, a secretária de Estado do Ensino Superior, Cláudia Sarrico, frisou no seu discurso que, passo a citar: “Vamos avaliar os 10 anos destes cursos (2014-2024) para definir regras claras e um modelo de financiamento que alinhe a oferta com as estratégias de desenvolvimento local das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional – CCDR e com as necessidades dos empregadores. Isso tornará os CTeSP mais atrativos para novos públicos.” E o que são os CTeSP? São os Cursos Técnicos Superiores Profissionais, que não dão grau de licenciatura, mas que preparam os alunos para entrar no mercado de trabalho. Sendo igualmente claro que quem quiser pode optar por seguir para a licenciatura, mas aí já com um lastro de conhecimento prático que de outra forma não teriam.Há aqui um outro desafio: o de aumentar a relação entre o ensino superior e as regiões onde estas estão localizadas.E neste particular esta semana assisti ao que poderemos considerar um exemplo dessa ligação. No dia em que assinalou o 46.º aniversário o Instituto Politécnico de Setúbal divulgou as conclusões de um trabalho que tinha como tema Desenvolvimento territorial e ligação à Academia no Horizonte 2030. Envolvendo cinco áreas – Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável; Economia, Negócios e Empregabilidade; Educação para o Futuro; Cultura, Diversidade e Identidade e Saúde, bem-estar e qualidade de vida – ficou muito claro a necessidade de o ensino politécnico (por ser mais prático) poder ter um papel importante no desenvolvimento dos territórios, no caso da Península de Setúbal e Litoral Alentejano. Basta agora partir-se da teoria dos estudos para a prática no terreno. Editor executivo do Diário de Notícias