O bom e o mau sindicalismo

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O bom sindicalismo, nós sabemos qual é, é aquele que dá lastro à essência deste direito constitucional, deste contrapeso que foi inscrito no pós-25 de Abril para assegurar um pêndulo de equilíbrio entre os interesses do Estado e dos trabalhadores, nem sempre - aparte o paradoxo - coincidentes. Então e o mau sindicalismo? Diria simplesmente que de sindicalismo tem muito pouco, e que se nidifica apenas no âmago de quem quer alimentar o ninho, fazendo pouco pelos ninhos do alheio.

Neste campo de batalha toda a luta justa e democrática é legítima, e erguemo-nos por nos manter circunscritos aos limites da ética e do respeito pela diferença, procurando aproximações e não dissidências, reclamando para si ganhos ou méritos exclusivos. Nesta eterna e intrépida disputa, vence quem não protesta em benefício próprio, mas reverbera enquanto parte de um ente coletivo que nos suplanta, nos supera e dá força para continuar a porfiar o bem coletivo, louvando quem o antecedeu, não dilacerando quem o acompanhou.

Sei que nos dias de hoje pedir-se ética é quase tão difícil como encontrar água no deserto, e que as palavras bonitas servem apenas para embelezar discursos vãos e esvaziados de sentido. Mas eu sou crente: sou crente nos Polícias e sou crente nas pessoas, e sei que a maioria saberá ser séria, saberá ser honrada e, mais, saberá quem abraça estas vestes, por muitos ou poucos anos, com um fito único, melhorar as condições de trabalho dos que cá estão, para que o possam fazer com alegria, e assegurar o melhor dos futuros para os que nos sucederão.

Estarei sempre ao lado de todos os que lutaram, lutam e lutarão pelos meus Polícias - eles merecem isso e muito mais. Mas não merecem ser iludidos, e muito menos esquecidos. A luta não se faz sobre falsos pretextos, e muito menos arrastada por egoísmos sectários que são [naturalmente] aproveitados pela nossa “contraparte”.

Isso é derramar o sangue e suor dos que dão o que não tinham de dar, e fazem-nos sobrepondo esses mesmos interesses à sua vida pessoal. Aqui não reinam os falsos ufanos que mais geram ruído, ou aqueles que não hesitam em cavilosamente dirigir os seus infortúnios, malfadando aqueles que não acompanharam os seus dogmas ou, simplesmente, os seus caprichos.

Acredito que um dia, a distopia da união, irá certamente juntar todos aqueles que se sentam à mesma mesa, e mesmo não tendo todos o mesmo apetite, procurarão certamente alcançar a melhor ementa para que todos a ela tenham acesso, não deixando ninguém para trás, mesmo que não consigamos sair de barriga cheia.

Sejamos exemplos dos que queremos que nos venham a suceder para que eles, mais tarde, se lembrem que o todo é muito mais que a soma das partes. É isso que eu espero e desejo a todos os que garbosamente lutam de cabeça erguida, sem se esconderem em esconsas e aleivosas tribulações.

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