Nota 100

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Noutros tempos, teria sido a notícia da semana. Nesta altura de grande agitação política, talvez não tenha sido sequer a notícia do dia. Neste tempo, é sempre mais apelativo o que corre mal do que aquilo que é positivo.

Vem isto a propósito da dívida pública em Portugal ter baixado para menos de 100% do PIB, o que não acontecia há 14 anos, permitindo-nos descolar dos países europeus mais endividados.

Houve mais responsáveis europeus a assinalar o percurso notável do nosso país - desde o Comissário Europeu da Economia, ao presidente irlandês do Eurogrupo - do que nós próprios.

Para desvalorizar o feito, alguns comentadores referiram-se ao “efeito simbólico da redução”. Compreendo o que dizem relativamente à fasquia psicológica dos 100%, mas um mínimo de seriedade obriga a dizer mais do que isso.

Porque Portugal conseguiu um outro feito ainda mais notável: a redução da dívida pública foi de cerca de 14 pontos percentuais no último ano e mais de 36 pontos nos últimos três.

Façamos as contas: se o rácio da dívida pública se tivesse mantido igual nos últimos três anos, teríamos hoje mais 96 mil milhões de euros de dívida. Uma dúzia de novos aeroportos de Lisboa.
É por não ter toda essa dívida que o Estado paga hoje muito menos juros, o que tornou possível a diminuição prudente de impostos, ao mesmo tempo que se investiu mais nos serviços públicos e se aumentaram pensões.

Acresce que, juntamente com a redução constante da dívida, também a economia cresceu sempre acima dos nossos parceiros europeus desde 2016 (exceto em 2020, ano da pandemia). E o emprego está em níveis também muito elevados.

Fazer o contrário do Governo Passista de PSD/CDS deu mesmo bons resultados, ao contrário da austeridade que agravou a dívida e teve brutais custos económicos e sociais.

Está tudo bem? Não, não está. Os salários continuam demasiado baixos. Há problemas importantes na Saúde, Educação e outros serviços públicos. O acesso à habitação continua a ser um problema grave, mesmo se comum a toda a Europa.

Mas estamos no caminho certo e, seguramente, muito melhor do que há 10 anos. Só a falta de memória ou a desonestidade intelectual permite dizer que “nunca estivemos tão mal”.

Recordemos que foi então, com o argumento de melhorar as Finanças Públicas, que os Governos PSD/CDS aplicaram a sua receita de sempre: austeridade e privatizações. Foi o tempo do “ir além da troika” de Passos Coelho. Não nos esqueçamos como eram os salários na altura, dos cortes nas pensões, ou que as escolas e hospitais não tinham sequer dinheiro para papel higiénico. Montenegro lá ia liderando convictamente no Parlamento a aprovação de tudo o que lhe enviavam Passos e Gaspar.

O problema é que o resultado também foi sempre o mesmo: a crua realidade é que os sacrifícios impostos aos portugueses pela direita não melhoraram as Finanças Públicas.

Na verdade, em mais de 40 anos, apenas dois primeiros-ministros (Guterres e António Costa) deixaram São Bento com uma dívida mais baixa do que quando entraram. E, sim, isto inclui Cavaco Silva - o mito que se esforça por construir não casa com a realidade.

Definitivamente, o país está melhor e os portugueses estão melhor.

É bom termos mais ambição, claro! Mas que a insatisfação não nos leve a deitar fora o bebé com a água do banho.

5 valores: Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia

Quando um alto responsável sindical da PSP insinua, na televisão, que as forças de segurança podem boicotar as eleições, está a pisar uma linha que tem de ser intrans- ponível. As polícias têm de defender o Estado de Direito, não ameaçar os seus pilares.



Eurodeputado

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