O Montepio Geral Associação Mutualista, fundado em 1840, sob a direção de Francisco Manuel Álvares Botelho, distinto servidor do Estado, residente em Lisboa, desenvolveu a atividade em torno da sua Caixa Económica, fundada em 1844, tendo disponibilizado aos seus associados soluções inovadoras para a época.Durante a primeira metade do século XX, e apesar do olhar crítico das autoridades, foi-se adaptando às novas necessidades, tendo a partir da década de 80, com a expansão da rede comercial da sua Caixa Económica, alargado significativamente a base associativa. Dos 17.711 associados em 1990, ultrapassou os 139 mil em 2000, tendo atingindo no final em 2024 um valor ligeiramente acima dos 610 mil.Procurando dar reposta, simultaneamente, aos problemas de cada um, per si, e de todos, no seu conjunto, o extraordinário percurso que percorreu até ao final da primeira década do século XXI baseou-se sempre em duas grandes premissas. Por um lado, o respeito pelos valores que são o ADN do mutualismo: democracia, liberdade, transparência, justiça e solidariedade. Por outro, a credibilidade que, desde a sua fundação, assentou numa componente financeira sólida, construída a partir da ideia de que “nunca se deve dar um passo maior do que a própria perna”. Infelizmente, decisões pouco sensatas de expansão do negócio segurador e bancário, tomadas claramente fora de tempo, associadas a fortes alterações de contexto, abalaram de forma severa a Instituição, criando as condições para uma “tempestade perfeita” que colocaram a maior mutualidade do país em risco.Em dezembro de 2018, os associados tiveram oportunidade de escolher entre diferentes caminhos, optando por uma solução que, como se verificou em outubro de 2019, não trouxe os resultados esperados, culminando na saída do principal líder da organização.As eleições de 2021 distinguiram‑se pela pluralidade e por um debate centrado em programas, e não em idoneidades dos candidatos. Os Associados exerceram livremente a sua escolha. Quatro anos depois, o Montepio está melhor e isso é indiscutível. Saiu das primeiras páginas dos jornais, os principais indicadores de desempenho melhoraram (com todas as empresas do grupo a apresentarem resultados positivos) e, além disso, foi possível incrementar a base associativa.Contudo, os desafios continuam a ser enormes. Num mundo em aceleração e em que as incertezas geopolíticas estão em níveis máximos, a emergência das novas tecnologias e de novos modelos de negócio, desafiam, simultaneamente, o associativismo tradicional e o modelo de funcionamento dos maiores ativos da Instituição: banco e seguradoras.Paralelamente, o quadro regulatório tornou-se mais exigente e as rápidas mudanças das necessidades dos Associados, obrigam a uma permanente reconfiguração da oferta mutualista. É neste contexto desafiante que se realizam as próximas eleições para o Montepio.Estou confiante no futuro da nossa instituição. Mas também sei que só com o envolvimento de todos, poderemos assegurar a continuidade de um projeto que tem (e sempre teve ao longo da sua história) um papel ímpar e insubstituível na sociedade portuguesa.O Montepio não é apenas uma Instituição. É uma história, é uma missão, é uma responsabilidade que nos deve agregar e unir.Nos próximos quatro anos, todos seremos poucos. Cada contributo será essencial. Cada voz contará. Cada gesto fará a diferença.Neste contexto, em linha com o que tem sido feito nos últimos anos, caberá à futura Administração do Montepio unir esforços e mobilizar os Associados para a ação, enquanto as diferentes correntes representadas na Assembleia de Representantes deverão manter-se abertas ao diálogo.Só assim poderemos garantir que o Montepio continua a ser aquilo que sempre foi: uma referência de solidariedade e confiança.Associado do Montepio e professor universitário