"Na praia, as crianças nuas são um regalo"
O tema não é novo e penso, sinceramente, que todos os anos escrevo sobre o mesmo. No entanto, como a situação tende a manter-se, ano após ano, escrevo agora uma vez mais.
Se em textos anteriores procurei escrever na perspetiva dos pais das crianças, alertando para a importância em proteger as partes privadas dos seus filhos - pénis, vulva, rabo e, no caso das meninas, também as mamas -, escrevo este ano na perspetiva de quem retira prazer com esta situação. As pessoas (homens e mulheres) que sentem desejo e atração sexual por bebés e crianças e que encontram nas piscinas e nas praias um verdadeiro paraíso.
Com o devido consentimento informado de quem partilhou estas reflexões comigo, partilho aqui, agora, o que me disse. Falamos de um homem na casa dos 30 anos e com uma profissão respeitável que, em processo psicoterapêutico voluntário, e enquanto aguarda julgamento por ser acusado de vários crimes de abuso sexual de crianças, recorda aquilo que pensava, sentia e fazia… e que agora diz não fazer…
“Acordava de manhã cedo e já sabia qual seria o meu destino… a praia. Os pais tendem a levar as crianças mais pequenas à praia logo de manhã, para fugirem às horas de maior calor… levava sempre uma cadeira e uma toalha, e o telemóvel sempre pronto em modo de vídeo… e logo começavam a aparecer, umas atrás das outras, às dezenas, às centenas… via-as brincar, chapinhar na água, fazer birras, gritar e construir castelos na areia. Gostava especialmente quando os pais lhe colocavam creme protetor, porque imaginava que era eu quem lho estava a colocar. E foi assim durante muito tempo, meses, anos. Quando não havia praia, tinha sempre a internet, mas confesso que gosto mais ao vivo.”
Se este relato é chocante e assustador? Claro que sim.
Se corresponde a um caso único e isolado? Claro que não.
As crianças devem desde cedo aprender a reconhecer as diferentes partes do seu corpo e a distinguir aquelas que são privadas das restantes. E que as partes privadas devem ser sempre protegidas com a roupa interior e, em locais públicos - como a praia -, com a roupa de banho mais adequada.
Não podemos acreditar, ingenuamente, que todos olham para os bebés e crianças com os nosso olhos - os olhos de quem deseja proteger e cuidar.
A verdade é que, para muitas (mas mesmo muitas) pessoas, são os corpos infantis e pré-púberes que ativam desejo sexual. Naturalmente, procuram-se depois os contextos onde pode existir mais fácil acesso a estes mesmos corpos.
O verão é, assim, por excelência, uma época do ano verdadeiramente paradisíaca para muitas destas pessoas, que aí encontram a possibilidade de ver, fotografar e/ou filmar aquele que o objeto do seu desejo… na frente de todas as pessoas e sem que ninguém desconfie.