Medo, fobia, ansiedade, ataques de pânico… quais as diferenças?
O medo, a fobia, a ansiedade e os ataques de pânico são muitas vezes confundidos entre si, pelo que importa clarificar estes conceitos e ver em que medida se diferenciam.
O medo é a resposta emocional a uma ameaça iminente, seja real ou percebida, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura. São emoções que se sobrepõem, mas que também se diferenciam.
O medo surge mais associado a uma sensação de perigo imediato e a reações de paralisação ou de fuga, enquanto a ansiedade está mais relacionada com a tensão muscular e a hipervigilância, em preparação para um perigo futuro que se antecipa, o que pode gerar alguns comportamentos de cautela.
Importa sublinhar que o medo e a ansiedade não são necessariamente desadaptativos, na medida em que podem proteger-nos e ajudar-nos a lidar com situações mais adversas. Os medos também fazem parte do normal desenvolvimento do indivíduo, emergindo e desaparecendo ao longo da infância e da adolescência. Os adultos também sentem medo, o que não significa, de forma alguma, que sejam "fracos" -- quando o medo não nos paralisa e nos leva a adotar estratégias de proteção, diríamos mesmo que é um medo adaptativo que nos permite sobreviver e evoluir.
Quando o medo se torna persistente e desproporcionado em relação às características da situação, difícil de explicar e de controlar, não adaptativo e conduz ao evitamento da situação temida, então estaremos perante um padrão comportamental que chamamos de fobia.
Mais concretamente em relação à ansiedade, existem diversas perturbações como, por exemplo, aquela que envolve uma ansiedade mais generalizada (quando a pessoa se sente preocupada a toda a hora, por tudo e por nada) ou mais relacionada com situações sociais (fobia social).
Vejamos agora os ataques de pânico. A palavra "pânico" vem de Pã, o deus grego da natureza. Segundo a mitologia, Pã era o deus dos pastores e da vida selvagem e era de tal forma feio que, ao nascer, assustou a sua mãe. Era um deus repelente, meio homem e com pernas de cabra, que se divertia a assustar as pessoas, que gritavam e podiam mesmo morrer aterrorizadas quando o viam. Daqui advém o termo "pânico", associado a uma súbita expressão de medo ou terror. Assim, os ataques de pânico são momentos abruptos e pontuais de um medo muito intenso que atinge o pico em poucos minutos, associados a uma perceção de perigo ou de ameaça. Os sintomas físicos de um ataque de pânico são muito diversos, sendo frequentemente referidas palpitações, dificuldades em respirar, dores no peito, tremores, sudação, náuseas, tonturas e sensações de frio ou calor. Também o medo de ficar louco ou de morrer é muito frequente, a par da desrealização (sensação de irrealidade) e da despersonalização (sentir-se desligado de si próprio).
Na perturbação de pânico, a pessoa experimenta ataques de pânico inesperados e recorrentes e está permanentemente apreensiva com a possibilidade de sofrer novos ataques, o que a leva a comportamentos de evitamento (por exemplo, evitar fazer exercício físico ou locais que não lhe sejam familiares).
Medo, fobia, ansiedade e ataques de pânico dizem respeito a realidades muito distintas, por vezes confundidas entre si. Quando experienciados com maior duração, frequência e intensidade, gerando mal-estar e sofrimento e impactando negativamente no padrão de funcionamento habitual da pessoa, devem ser alvo de um olhar especializado. Não hesite em pedir ajuda se é o seu caso.
Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal