Lisboa é perigosa? Depende de quem o diz
A publicação pelo Diário de Notícias de dados oficiais da PSP sobre a criminalidade participada no concelho de Lisboa em 2024 deixou incomodado o presidente da autarquia. Ao comentar a anunciada, por aquela força de segurança, descida de 12,6% da criminalidade geral e de menos 10,4% da criminalidade grave e violenta, Carlos Moedas ainda começou por dizer que os “dados a confirmar-se são excelentes para a cidade”. Mas rapidamente mudou o tom.
O autarca frisou ter dúvidas sobre os números e aproveitou os microfones para lembrar que os crimes são cada vez mais violentos e que mantém o alerta para a “perceção de insegurança” que se vive na capital. Salientou ainda que tem pedido um reforço do efetivo da Polícia Municipal (PM) - em maio do ano passado deu posse a 25 elementos desta força de segurança tendo lamentado que a PM contasse com 400 agentes quando devia ter 600.
Uma outra “batalha” de Moedas tem sido a tentativa de aumentar as competências da PM - atualmente fiscalizam o cumprimento das leis e regulamentos municipais, ou seja, as suas funções são administrativas -, ao ponto de já ter defendido que esta polícia pode efetuar detenções. O que já é possível, por exemplo, em casos de burlas, furtos ou violência doméstica, tendo o suspeito de ser entregue de imediato à PSP ou à Polícia Judiciária. Portanto, é uma reivindicação já prevista. Basta cumprir a legislação. E o presidente da câmara sabe disso.
Há um ponto em que Carlos Moedas tem razão: os agentes da PSP deviam ser mais visíveis na cidade, mas para isso também são precisos mais elementos. Ora, numa altura em que se anuncia a autorização da passagem de 500 à situação de pré-reforma parece ser um objetivo difícil de atingir a curto prazo.
Restará à autarquia uma arma para tentar diminuir o sentimento de insegurança que diz existir: a videovigilância. Mas aqui chegados encontramos um problema. Segundo dados da PSP, revelados no trabalho que o DN publica nas páginas 6-7, dos 243 sistemas autorizados para Lisboa, só 34 estão operacionais. O que não abona a favor das intenções de Moedas para diminuir o sentimento de insegurança.
Já agora, também podia avançar com as câmaras para o Martim Moniz e Rua do Benformoso, identificadas pela PSP desde 2020 como áreas problemáticas. Quando teve de decidir, Moedas optou pelo Cais do Sodré. Se calhar é altura de retificar...
Editor executivo do Diário de Notícias