Na tarde da tragédia do ascensor da Glória, passavam alguns minutos das 18 horas, decorria uma conferência do movimento “JuntarLisboa”, e eu estava sentado ao lado de Carlos Moedas. Vi-o receber informação, processar imediatamente e decidir no instante. Levanta-se sem alarido, interrompe um painel de arquitetos que discutia propostas de futuro para o urbanismo e a habitação na cidade, toma a palavra por uns segundos para pedir escusa pois iria cancelar a sua intervenção no final da sessão, e parte diretamente para o local do acidente. Parece-nos óbvio, mas não foi sempre assim, nem todos os Presidentes da Câmara de Lisboa recentes tinham este hábito de avançar, sem hesitação e sem rede, ao encontro das emergências. Nas horas e nos dias seguintes, Carlos Moedas, sob pressão total, esteve onde tinha de estar, fez o que tinha de fazer. Ordenou inquéritos internos e externos por entidades independentes. Decretou o luto e honrou as famílias das vítimas e dos feridos. Articulou iniciativas com o Governo. Lidou com autoridades públicas, nas áreas da segurança, da proteção civil, da emergência médica. Reuniu com trabalhadores da Carris. Teve a coragem de manter a administração da empresa, tecnicamente experiente e necessária até para os processos de averiguação em curso. Cancelou temporariamente os serviços de outros ascensores, por prudência. Convocou as estruturas da autarquia para os desenvolvimentos sequenciais a realizar. Moedas definiu os princípios da resposta da cidade – ação determinada mas com ponderação; ditou o ritmo – rapidez sem dramatismo nem propaganda; marcou as regras de conduta – transparência nos processos, respeito pela informação técnica e confiança nas equipas de trabalho. Nesta emergência, tem sido mais gestor do que político, mais Presidente em exercício do que candidato, e mais soldado no terreno do que tribuno palavroso. Claro que os atores políticos socialistas e os seus compagnons do comentariado espreitaram o momento e tentaram inverter o jogo a partir da tragédia. Desde logo Pedro Nuno Santos, que de facto escolheu Alexandra Leitão como candidata à autarquia, e que não desiste de influenciar a coligação à esquerda. Mas os portugueses ainda têm bem presente a sua desastrosa conduta precisamente nos setores dos transportes e infraestruturas, e a sua manifesta incapacidade para atuar como um adulto em situações difíceis: foi ineficaz na ferrovia, precipitado na TAP, estouvado nas orientações às empresas públicas, caótico no dossier do novo aeroporto de Lisboa. Que os deuses nos protejam do seu regresso, mesmo que por interposta pessoa. Os tempos não estão para aventuras, para bravatas ideológicas, para flotilhas coloridas. Os cidadãos merecem muito mais do que essa parafernália inconsequente. A gestão da cidade de Lisboa, no seu dia a dia, na perspetiva de futuro, perante desafios exigentes, perante realidades complexas, necessita sobretudo de protagonistas sensatos, executivos, focados, competentes. Gestor e candidato da Coligação Por Ti Lisboa