Dizes que queres liberdade, tempo, equilíbrio. Dizes que o work-life balance é essencial — e é. Mas, no fundo, talvez o que queres mesmo é fugir à responsabilidade que vem com a liberdade. Porque liberdade sem responsabilidade é apenas um intervalo confortável entre decisões que preferes não tomar.Tudo isto é muito curioso: fala-se tanto de lideranças empáticas, humanizadas, cheias de propósito, mas continua-se a seguir os mais fortes. Ainda se procura, instintivamente, o que caça melhor, o que protege mais, o que transmite segurança. A genética tribal continua aí, escondida debaixo dos nossos discursos modernos. No fundo, no fundo, segues quem te faz sentir protegido, quem te propicia as regalias, não quem te entende.O paradoxo está aqui: admiras quem decide, mas não queres decidir. Gostas de quem lidera, mas foges da solidão da liderança. Dizes que queres espaço, férias, tempo para ti — e tudo isso é legítimo. Só que, ao rejeitares o peso da decisão, abdicas também da tua própria força. Porque liderar é escolher. É avançar mesmo sem ter certezas, é perder equilíbrio para ganhar impacto.Andamos hoje a proclamar a estética da liderança — bonita nas palavras, pesada na prática. A maioria prefere comentar sobre o que faria em vez de fazer. Escrever sobre coragem em vez de a ter. Ensinar sobre liderança sem nunca a viver. E, no entanto, a liderança continua a ser o mesmo exercício ancestral: o da força. Não da força bruta, mas da força interior que aguenta o vazio da decisão quando ninguém quer decidir contigo. Et voilà.A modernidade deu-te conforto, mas também te anestesiou. Há uma geração inteira que quer a liberdade de escolher… desde que não tenha de responder pelas consequências. Quer influência, sem exposição. Quer voz, sem ruído. Quer liderança, sem o preço de a exercer.E é por isso que as lideranças, mesmo as mais humanizadas, continuam solitárias. Porque, no fim, liderar é assumir — e assumir é perder um pouco da tal liberdade que tanto defendes.No fundo, és livre para tudo, menos para fugir da responsabilidade. E talvez aí esteja o verdadeiro paradoxo: queres ser dono do teu tempo, mas o tempo só respeita quem tem coragem de decidir. Tens coragem para abdicar e para decidir? Se não tens não podes ser líder.Permitam-me uma nota. São já conhecidos os resultados do Financial Times Executive MBA Ranking 2025 e o Iscte Executive Education foi a escola que mais subiu: 11 posições face ao ano passado. Os resultados deste ano sublinham a consistência e a qualidade da nossa proposta académica e formativa. Parabéns a todos.