Liderança: o preço da liberdade!

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Dizes que queres liberdade, tempo, equilíbrio. Dizes que o work-life balance é essencial — e é. Mas, no fundo, talvez o que queres mesmo é fugir à responsabilidade que vem com a liberdade. Porque liberdade sem responsabilidade é apenas um intervalo confortável entre decisões que preferes não tomar.

Tudo isto é muito curioso: fala-se tanto de lideranças empáticas, humanizadas, cheias de propósito, mas continua-se a seguir os mais fortes. Ainda se procura, instintivamente, o que caça melhor, o que protege mais, o que transmite segurança. A genética tribal continua aí, escondida debaixo dos nossos discursos modernos. No fundo, no fundo, segues quem te faz sentir protegido, quem te propicia as regalias, não quem te entende.

O paradoxo está aqui: admiras quem decide, mas não queres decidir. Gostas de quem lidera, mas foges da solidão da liderança. Dizes que queres espaço, férias, tempo para ti — e tudo isso é legítimo. Só que, ao rejeitares o peso da decisão, abdicas também da tua própria força. Porque liderar é escolher. É avançar mesmo sem ter certezas, é perder equilíbrio para ganhar impacto.

Andamos hoje a proclamar a estética da liderança — bonita nas palavras, pesada na prática. A maioria prefere comentar sobre o que faria em vez de fazer. Escrever sobre coragem em vez de a ter. Ensinar sobre liderança sem nunca a viver. E, no entanto, a liderança continua a ser o mesmo exercício ancestral: o da força. Não da força bruta, mas da força interior que aguenta o vazio da decisão quando ninguém quer decidir contigo. Et voilà.

A modernidade deu-te conforto, mas também te anestesiou. Há uma geração inteira que quer a liberdade de escolher… desde que não tenha de responder pelas consequências. Quer influência, sem exposição. Quer voz, sem ruído. Quer liderança, sem o preço de a exercer.

E é por isso que as lideranças, mesmo as mais humanizadas, continuam solitárias. Porque, no fim, liderar é assumir — e assumir é perder um pouco da tal liberdade que tanto defendes.

No fundo, és livre para tudo, menos para fugir da responsabilidade. E talvez aí esteja o verdadeiro paradoxo: queres ser dono do teu tempo, mas o tempo só respeita quem tem coragem de decidir. Tens coragem para abdicar e para decidir? Se não tens não podes ser líder.

Permitam-me uma nota. São já conhecidos os resultados do Financial Times Executive MBA Ranking 2025 e o Iscte Executive Education foi a escola que mais subiu: 11 posições face ao ano passado. Os resultados deste ano sublinham a consistência e a qualidade da nossa proposta académica e formativa. Parabéns a todos.

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