Lembrar o Passado para Construir o Futuro

Hoje, 24 de março, comemoramos o Dia Nacional do Estudante. Este dia, celebrado desde 1987, aquando da sua consagração no decreto n.º 77/IV, visa, como refere o próprio decreto, estimular a participação dos estudantes na vida escolar e na sociedade, bem como promover a cooperação e convivência entre os estudantes. Todavia, na nossa visão, compreendemos que o Dia do Estudante é muito mais do que isso.

Este é o dia de relembrar e homenagear os Estudantes que enfrentaram os obstáculos do regime ditatorial e das crises académicas dos anos 60 e que, ao mostrar a força e a união do Movimento Estudantil, terão sido um dos setores que mais ativamente resistiu ao Estado Novo e lutou pela Liberdade que acreditamos ser hoje uma garantia. É também o dia para nós, Estudantes, mostrarmos que continuamos a ter uma voz ativa na sociedade e que, de forma consciente e sustentável, mantemos as reivindicações pelos nossos direitos, nomeadamente à Educação digna, com qualidade e à qual todos possam ter acesso.

Se na crise académica de 1969, os Estudantes lutavam para simplesmente tomarem a palavra nas discussões públicas, que cabiam a temas com eles relacionados, e eram presos por tal ousadia, hoje já não temos receio de falar. No entanto, continuamos a precisar de lutar para sermos ouvidos. E ainda há tanto para dizer... Contrariamente ao que é dito em sociedade, os jovens e os Estudantes continuam a manter um espírito crítico, ativo e reivindicativo, devendo ser considerados uma peça fundamental na discussão política. No que concerne especificamente ao Ensino Superior, é imperativo continuar a lembrar diariamente temáticas como as propinas e a falta de teto máximo para estas ao nível do 2.º ciclo, a falta de apoios sociais, as dificuldades com o alojamento, a escassa empregabilidade, os desafios na área da saúde mental, o abandono escolar e a falta de inovação pedagógica.

Assim, este Dia Nacional do Estudante não pode ser ignorado, é urgente ouvir-se os Estudantes, já que, citando Stephen Murgatroyd: "a voz dos estudantes é a estrada para a mudança".

O Movimento Estudantil, que se mantém vivo e presente nas discussões políticas durante todo o ano, ganha neste dia um protagonismo especial. As várias Federações e Associações Académicas e de Estudantes organizam uma série de atividades como manifestações, palestras, conferências e debates, com o objetivo primordial de não deixar este dia cair em esquecimento e relembrar que os problemas dos estudantes não desapareceram.

Neste contexto, também a Federação Académica de Lisboa se junta às celebrações que marcam este dia. Sendo uma instituição ainda recente comparando com a longa história do movimento estudantil em Portugal, representamos já cerca de 74000 estudantes através dos nossos 26 associados. Trabalhamos diariamente em prol da melhoria constante do Ensino Superior e da construção de uma sociedade mais ativa e informada. Todavia, sob pretexto do Dia Nacional do Estudante, consideramos essencial reunir esforços acrescidos para dar a conhecer a importância deste dia a toda a comunidade estudantil e à sociedade.

Deste modo, durante toda a semana, temos vindo a divulgar e dinamizar a nossa moção global de 2022 nas redes sociais, de forma a dar a conhecer quais as nossas principais tomadas de posição sobre diversos temas como o alojamento, empregabilidade, inovação pedagógica e ação social. Além disso, juntamo-nos às diversas celebrações organizadas pelos nossos associados para comemorarmos junto destes as vitórias já alcançadas e para reiterarmos o nosso apoio na construção do caminho que ainda está por traçar.

Que lembrar o passado para construir o futuro seja o lema deste dia que deverá ser celebrado e cuja memória deverá perdurar na história do Movimento Estudantil.

Presidente da Federação Académica de Lisboa

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