As pessoas que fogem da guerra levam consigo os seus animais. Cães, gatos e outros animais de pequeno porte são sentidos e tratados como elementos da família e, por isso mesmo, protegidos. Comportamentos que nos dizem muito sobre estas pessoas e também sobre o poder mágico da interação com os animais..As pessoas que se recusam a deixar os animais entregues à sua sorte e que reconhecem os seus direitos e necessidades, protegendo-os, são necessariamente pessoas empáticas, capazes de se descentrarem e de compreenderem o outro - seja um outro humano ou animal. Que não olham para os animais como seres inferiores ou desprovidos de sensações e emoções e, por isso, os respeitam..Por outro lado, está também bem documentado o impacto positivo que a interação com os animais tem no nosso bem estar, facilitando a regulação das emoções e potenciando, dessa forma, uma sensação de calma e tranquilidade. Cuidar de um animal e interagir com este em diversos contextos aumenta a atenção e a concentração, relaxa, desenvolve a autonomia e a responsabilidade e enriquece. Neste contexto, são bem conhecidos diversos programas de intervenção que envolvem animais (como cães, cavalos ou outros) e que ajudam, apenas para dar alguns exemplos, crianças com hiperatividade e défice de atenção, jovens com comportamentos mais agressivos ou doentes psiquiátricos em contexto hospitalar..Pensando em tudo isto, o que dizer de quem maltrata os animais? De quem os deixa passar fome, sede ou frio, de quem os acorrenta a um poste, de quem os trafica e obriga a fazer acrobacias ou de quem os espeta em nome de uma suposta tradição? Serão estas pessoas empáticas? Dificilmente..E pensando no poder mágico que os animais têm, porque não potenciar mais ainda as interações em contextos educativos, terapêuticos ou judiciais? Envolver de forma ativa os animais nas escolas e ajudar as crianças a ler e a concentrarem-se. Integrar animais nos centros educativos e, com a sua ajuda, trabalhar a autoestima, a responsabilidade e o controlo emocional de jovens que cometem atos tipificados como crime. Permitir que os doentes hospitalizados recebam a visita dos seus animais. Deixá-los ser parte integrante da vida de quem experiencia ansiedade, depressão ou outros problemas de saúde mental. Ou deixar os animais acompanharem as crianças que são ouvidas em tribunal e precisam de uma pata amiga para conseguirem relaxar..As pessoas deslocadas que diariamente fogem do cenário de guerra dão-nos lições de sobrevivência, coragem, resiliência e esperança. Ao levarem consigo os seus animais dão-nos também uma lição de empatia e de respeito pelo outro. E não interessa quem é esse outro..Psicóloga clínica e forense e terapeuta familiar e de casal