Nestas Eleições Europeias joga-se mais do que a segunda metade desta década. Joga-se qual é a versão da União Europeia que queremos presente no resto das nossas vidas: se a continuidade do projeto humanista e solidário, ou uma inversão de marcha, rumo ao isolacionismo inspirado na agenda da extrema-direita..O mundo que nos rodeia ficará, nestes anos, mais perigoso e mais fechado, vítima de aspirações imperialistas e da corrida entre grandes potências. Que Europa queremos para enfrentar essa realidade? A Europa da paz ou da guerra? Para todos ou só para uns campeões? Com leis e democracia para todos, ou rendida ao pragmatismo e às chantagens de alguns?.De que nos serve uma Europa-fortaleza, obcecada em fechar as suas fronteiras com muros e guardas (alguns deles ditadores a soldo do outro lado do Mediterrâneo)? Ou uma Europa armada até aos dentes, também com uns poucos couraçados económicos, blindados perante as ameaças externas, mas à custa dos mais fracos cá dentro?.A Europa-couraça já a tivemos no passado. A Europa do ódio ao que é diferente já a conhecemos. A Europa onde os extremistas eram chamados ao Governo, também nos lembramos dela. Nenhuma motiva suspiros de saudade, nenhuma transporta boas memórias..Sim, a União Europeia terá de ser forte no mundo. Mas será mais forte uma Europa desigual, em que a coesão social e territorial fica para trás, para pagar essas novas couraças europeias? Será mais forte uma Europa que se desprende da sua liderança ética na dimensão climática e social, para dar lugar a uma Europa árida e que não perdoa? .Do que precisamos realmente, então? De uma nova ambição que reforce a Europa no mundo, uma União de todos e para todos, reduzindo e não aumentando as desigualdades internas, enfrentando e não esquecendo a emergência climática, recuperando a nossa autonomia estratégica, mas sem nos isolarmos de tudo..Alguma destas coisas é possível com os extremistas? Esses que sempre odiaram o projeto europeu? Esses que, depois do caos provocado pelo Brexit, preferem agora minar o projeto europeu por dentro?.E não terá a direita europeia percebido isto? Não terá a direita europeia percebido que estender a mão à extrema-direita, por mero cálculo eleitoral, arrisca menorizar o sonho europeu - este projeto do qual foi parte fundadora? Será possível ceder às táticas de curto-prazo, por uns cargos que se ambicionam, e deixar para trás todo o futuro da Europa?.Não seremos mais Europa se nos transformarmos apenas numa fortaleza de pedra sem alma, forte com os fracos, cá dentro e lá fora. Não seremos mais Europa se deixarmos Orbán, ou outro igual, bloquear a Europa dos valores e direitos fundamentais. Não seremos mais Europa se baixarmos os braços perante as tentações imperialistas de Putin - o futuro dos nossos filhos não pode ser bombardeado..A força da Europa sempre foi o sonho de bem-estar que todos puderam partilhar. De um modo ou de outro, só unidos seremos mais fortes. E eu espero que seja esta a Europa que o mundo venha a conhecer em 2030..17 valores:Seleção portuguesa de Sub-17.À hora a que escrevo, com a final do Campeonato Europeu de Sub-17 prestes a começar, pode já fazer-se um balanço francamente positivo da campanha da seleção portuguesa. Temos uma grande equipa; pode estar a caminho uma nova geração de ouro.