O novo ano afigura-se complexo e desafiante. Pondo em perspectiva o que virá pela frente, há uma boa meia dúzia de questões que certamente concentrarão atenções em 2026.A primeira é a luta pela paz, contra a guerra, o militarismo e a corrida aos armamentos.Esta foi uma das questões marcantes do ano que agora finda e adivinha-se que será assim, de novo, em 2026. Pelos mesmos velhos motivos e por outros novos que se lhes poderão acrescentar.Em 2026 será preciso continuar a denunciar e combater a deriva belicista e militarista da União Europeia e a tentativa de transformação da guerra em motor das economias europeias. Será preciso continuar a defender soluções de paz e de segurança coletiva para a Europa. Será preciso continuar a exigir uma política de paz e cooperação entre os povos, contrariando o investimento da UE no prolongamento da guerra na Ucrânia, travando a sua política belicista e de confrontação (inclusive militar) com a Rússia, revertendo o desvio de recursos financeiros para o aumento dos gastos militares e reclamando a sua utilização na resposta aos problemas económicos e sociais que atingem a vida dos povos.Uma segunda questão é a exigência de uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, de aumento geral de salários, de promoção do pleno emprego.O ano de 2025 chega ao fim com múltiplas iniciativas políticas de ataque aos direitos dos trabalhadores, às suas condições de trabalho e de vida, ao direito ao emprego. Isso acontece de forma muito evidente em Portugal mas também em vários outros países da UE.Em 2026 será necessário insistir na defesa do direito ao emprego e dos direitos dos trabalhadores como critério e referência de desenvolvimento. Será necessário continuar a exigir uma distribuição mais justa da riqueza, a começar pelo aumento dos salários, mas também uma maior participação dos trabalhadores nos benefícios resultantes do progresso científico e técnico, incluindo com a redução dos horários de trabalho.Uma terceira questão, absolutamente incontornável, é a exigência de resposta à crise da habitação.Em Portugal, e no resto da UE, as dificuldades de acesso à habitação mantêm-se ou agravam-se mesmo. Em 2026 será necessário insistir numa política de investimento no aumento da oferta de habitação pública.É preciso mais habitação social para dar resposta a situações de pobreza e exclusão social. Mas é necessário também que haja habitação pública acessível a camadas intermédias da população que, não estando em situação de pobreza ou de exclusão social, não conseguem encontrar uma casa que possam pagar. Isso exige políticas de investimento público e recursos financeiros e orçamentais, nacionais e da UE, destinados a esse objetivo.Uma quarta questão é a exigência de uma política de controlo dos preços e combate ao aumento do custo de vida.Essa continua a ser uma questão determinante em duas dimensões. Por um lado, o aumento dos preços impõe a largas camadas populares uma degradação das suas condições de vida por incapacidade de acesso a bens e serviços essenciais. Por outro lado, o aumento dos preços resulta na escandalosa acumulação de lucros que os grupos económicos têm vindo a multiplicar.Em 2026 será necessário continuar a exigir uma política que reverta essa situação.Uma quinta questão a destacar é a necessidade de acesso democrático aos cuidados de saúde.Em 2026 será necessário insistir numa política que trave e reverta o desinvestimento no SNS e o seu desmantelamento. O investimento nos serviços públicos de saúde é uma opção essencial para garantir um acesso democrático de todos os cidadãos aos cuidados de saúde de que necessitam, independentemente da sua capacidade económica ou da região geográfica em que residem.Por fim, a defesa dos sistemas públicos de segurança social, incluindo os sistemas de pensões, marcará também o ano de 2026.As políticas nacionais mas também as orientações assumidas pela Comissão Europeia, no sentido de fragilizar e privatizar os sistemas públicos de pensões, exigirão redobrada acção e intervenção políticas no sentido da sua defesa.O desafio que se nos coloca é o de saber se, perante todas estas questões, seremos meros espectadores ou protagonistas da intervenção que reclamam.Eurodeputado. Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico