Eleições presidenciais

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A passagem do tempo vai tornando menos agrestes algumas memórias, vai amenizando outras e antigas atitudes de concordância e, sobretudo, de discordância vão ficando envoltas no nevoeiro que cada um de nós vai criando para si próprio.

Hoje, ao olharmos para os últimos cinquenta anos, sabemos que muitos de nós criticámos ferozmente decisões de Presidentes da República e, noutros casos, aplaudimo-las com convicção.

Ressalta, no entanto, que, arrisco dizê-lo, em nenhuma circunstância algum cidadão português ficou indiferente às decisões que os sucessivos Presidentes da República foram tomando.

Entre mensagens ao país, vetos políticos, dissoluções do parlamento ou discursos mais, ou menos, impactantes, a relevância do Presidente da República não pode ser menorizada ou desvalorizada.

E, sendo as candidaturas resultantes da vontade individual dos candidatos, parece-me que os principais actores políticos nacionais – os Partidos Políticos –, só por hipocrisia ou cálculo político podem ensaiar atitudes de distanciamento ou de indiferença.

Mas, o que está em causa, hoje, não é o passado, é o futuro.

O quadro de candidatos presidenciais está estabilizado.

Os tempos de um país dividido quase milimetricamente entre direita e esquerda não são mais os nossos.

As candidaturas marcadas por percursos de vida que começavam em ditadura e se afirmaram nos alvores da democracia não são mais possíveis.

Agora, o desafio é escolher de entre os cidadãos/candidatos que a democracia gerou, formou e deu corpo.

Para os que ao longo destas últimas décadas foram capazes, para o bem e para o mal, de tomar posição, de colocar o colectivo à frente dos seus interesses imediatos, ou, dito de outra forma, dos que exerceram de forma activa a cidadania e ajudaram a construir o nosso sistema político e constitucional.

Sem neutralidades hipócritas e vazias, nem descobertas de última hora de referências históricas que até há pouco desconheciam.

Por mim, não gostaria de ter como Presidente da República nem quem se afirma contra o regime e contra a Constituição, nem quem nunca tomou posição perante nenhum desafio do país.

Quero um Presidente da República com um pensamento político conhecido, que conheça o sistema político e o seu funcionamento, que conheça os seus actores e que não tenha equívocos quanto ao nosso futuro europeu.

E quero um Presidente que possa agregar à sua volta uma maioria democrática de progresso e progressista que, como em 1985, saiba mobilizar democratas-cristãos, liberais, sociais-democratas, socialistas e a diversidade da esquerda, para afirmar e continuar a construir, com tolerância e respeito pela diversidade, a democracia nesta sociedade desafiante do Século XXI.

Por isto apoio a candidatura de António José Seguro.

Advogado e gestor

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