O primeiro-ministro anda em campanha pela Europa. Poderá sonhar com um lugar importante no exterior e estar menos focado na política interna. A coordenação do governo, que à partida estará a cargo da ministra Mariana Vieira da Silva, poderá não estar a funcionamento no seu pleno. Se estivesse a funcionar não teríamos um ministro, Pedro Nuno Santos, a anunciar uma decisão estratégica e de longo prazo para o país e, logo no dia seguinte, o primeiro-ministro a dar um passo atrás..Faltará coordenação? Trata-se de um erro de comunicação? Tudo isso, junto e ao quadrado. E terá Pedro Nuno Santos avançado sem toda a autoridade e legitimidade política? É difícil encontrar a resposta certa, quando ainda ontem reuniu com todos os meios de comunicação social e anunciou tudo, com muito detalhe e com o suporte de documentos, ladeado pelos seus braços direitos e sem pestanejar. Estamos perante um golpe de teatro ou uma precipitação que cava a própria sepultura do ministro?.António Costa não quis falar sobre o assunto hoje em Madrid, onde está no âmbito da Cimeira da Nato. É o chefe de governo que poderá explicar este equívoco ou, melhor, este episódio triste..Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, hoje não quis reagir, mas ontem disse, com todas as letras e mostrando algum desconforto, que não foi ouvido nem informado sobre a decisão de avançar para Montijo e Alcochete e que ontem foi anunciada pelo ministro das Infraestruturas..Belém poderá agora pressionar São Bento para que Pedro Nuno Santos saia do governo. A oposição já está a fazer o mesmo. A ver vamos se, desta vez, Costa faz cair um ministro que, por sinal, é seu adversário numa futura corrida à liderança do Partido Socialista.