Não foi só Telma
Esqueçamos americanos, britânicos, chineses e russos. Pela população, pelos meios, pelo historial olímpico, está para eles reservada a luta pelo topo do medalheiro. Elogiemos antes a Austrália, a Holanda e a Hungria, que ganham medalhas e mais medalhas apesar de não terem assim tanta população. Quase duas dezenas no caso dos húngaros, contra apenas uma para Portugal, a de bronze conquistada pela judoca Telma Monteiro.
Mas se as medalhas são o prémio maior de quaisquer Jogos Olímpicos, e o prestígio dos países depende do lugar no medalheiro, é injusto desprezar aqueles atletas que não as alcançam, mesmo afirmando-se como entre os melhores do mundo. E no Rio de Janeiro são vários os casos de portugueses que merecem aplauso apesar de não terem subido ao pódio.
O quarto lugar de Emanuel Silva e João Ribeiro em K2 1000 é brilhante. Como o são os quintos lugares de Fernando Pimenta no K1 1000 e de João Pereira no triatlo. Por terem chegado aos quartos-de-final também Marcos Freitas no ténis de mesa e a seleção de futebol constam como quintos classificados (e no mínimo estão entre os oito melhores). Nelson Évora, antigo campeão olímpico, foi sexto no triplo salto, o mesmo resultado na mesma prova de Patrícia Mamona. Ana Cabecinha também foi sexta nos 20 km marcha, tal como os canoístas do K4 1000. E Nélson Oliveira arrancou um honroso sétimo lugar no contrarrelógio de ciclismo.
Sigo o critério do Comité Olímpico, de conferir diplomas aos oito melhores de cada prova, e por isso não falo de quem ficou em nono. Ora, se nenhum destes resultados se compara ao ouro olímpico de Carlos Lopes na maratona de Los Angeles em 1984, talvez seja a abundância deles nestes Jogos que nos faça refletir sobre o que falta para haver mais medalhados portugueses. Mais apoio oficial exige-se, mais entusiasmo popular é preciso.
Se um dia quisermos ter um sucesso que se aproxime do da Hungria em termos de medalhas teremos de ter também dezenas e dezenas de atletas a conseguir diplomas. E em modalidades o mais diversas possível. Enquanto isso não acontecer, a conquista de uma medalha será sempre excecional. Parabéns aos atletas olímpicos portugueses. E, claro, viva Telma.