E uma Somalilândia independente? Considerações!
O tema tem estado no nosso radar, sobretudo a partir da entrada da Etiópia nos BRICS, já que o segundo país africano com mais população, 107 milhões, não tem acesso ao mar! O tema debate-se e negoceia-se, enquanto lê, já que o acesso mais directo, pelo Djibuti, “está pela hora da morte”! A solução, aceitar/negociar uma Somalilândia independente, surge assim como um ponderável a negociar. Considerações a este propósito:
Primeiro, no actual cenário das soluções para Gaza, da qual se fala numa “solução africana”, República do Sudão, Somália e a sua Somalilândia independentista, desde 1991, terão sido contactadas por israelitas e americanos, no sentido de aceitarem 2,2 milhões de palestinianos, a “alienar dali para fora”, a possibilidade de uma Somalilândia independente ou com mais autonomia, em forma de “bantustão da Palestina em África”, ganha cada vez mais momento;
Segundo, esta expulsão e respectivo tratamento de África enquanto espaço de depósito do(s) “humano(s) indesejado(s)”, juntamente com o resto (a “coisa” da Riviera, os constantes bombardeamentos e boicotes à ajuda humanitária), farão Trump e Netanyahu conseguirem aquilo que a Al-Qaeda e Estado Islâmico não conseguiram, juntar os “moderados” aos radicais e incorporar a Ummah, a Nação Islâmica, de uma causa comum enquanto monólito, cujo Ocidente sempre conseguiu explorar as divisões e clivagens, maximizando o “dividir para reinar”. Sempre assim foi desde o nosso “Leão dos Mares”, Afonso de Albuquerque! PR americano e PM israelita, servem assim de unificador de quem, em teoria, até se encontraria nos antípodas das vontades islâmicas quanto ao futuro mais próximo;
Terceiro, um cenário de concentração de recalcados do Hamas e da Palestina, num “gueto africano” (em qualquer dos países/região mencionados), fará do mesmo um “beco explosivo” à beira do Mar Vermelho, a meio caminho do Canal do Suez e do Mar Arábico, precisamente o epicentro geoestratégico de Albuquerque e de Portugal a partir de 1500! Sendo actualmente a rota que nos abastece os supermercados e gasolineiras;
Quarto, permitir uma Somalilândia independente, num cenário destes de deportação em massa, é “dar carta de alforria” para o estabelecimento de um Califado, legitimado por americanos e israelitas;
Por último e com um pouco mais de informação, percebemos que quem decide as opções ribeirinhas, do Sudão ao Quénia, não são os governos, mas antes as grandes operadoras portuárias e grandes companhias de navegação cargo, já que são quem viabiliza economicamente os tais governos, forma de pagamento dos carimbos necessários! Tendo actualmente, americanos e israelitas “fixados no guito”, não será de estranhar que todo o descrito aconteça até ao final do ano, aguardando-se depois a respectiva factura para 2026 e que certamente chegará, com rastilho na ponta!
Politólogo/arabista
Escreve de acordo com a antiga ortografia