É hora de mudar de política!

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Na semana passada, revelando até algum desespero, o PS, para procurar ocultar as suas responsabilidades na degradação das condições de vida das pessoas, invocou pretextos diversos para justificar o aumento da inflação, deixando de fora a sua real causa.

É o próprio BCE que afirma que a inflação resulta dos lucros extraordinários dos grupos económicos. Face a isto, PS em convergência com PSD, CDS, IL e CH não só não combatem, como são cúmplices, da acumulação dos lucros pelos grupos económicos, enquanto os trabalhadores e os reformados são empurrados para o empobrecimento.

Os preços dos alimentos, da eletricidade, das telecomunicações, da habitação estão cada vez mais elevados, os salários e as pensões não dão até ao final do mês, ao mesmo tempo os lucros dos grupos económicos atingem valores recorde. Quer isto dizer que crescem as injustiças e as desigualdades na distribuição da riqueza, riqueza criada pelos trabalhadores e que é apropriada pelos grupos económicos, pelos acionistas, pelos especuladores.

E tudo isto acontece com o beneplácito do PS e dos partidos à sua direita, do PSD, CDS, à IL e CH. Apesar de o Governo de maioria absoluta do PS dispor das condições e recursos para dar resposta aos problemas, optou por favorecer os interesses dos grupos económicos, o que contribuiu para o agravamento dos problemas do país.

Por mais que pretenda esconder e branquear as consequências das suas opções políticas, a verdade é que o legado do Governo de maioria absoluta do PS são mais injustiças e desigualdades, a degradação dos serviços públicos e as dificuldades no acesso à saúde e à habitação. Que não haja ilusões em relação ao PS. Não é agora que o PS vai fazer o que já poderia ter feito e que não fez porque não quis.

É significativo que o PS, para valorizar a sua governação, não refira o que fez neste Governo de maioria absoluta, mas vá buscar as medidas que avançaram após as eleições em 2015. O que fez diferença nesse período, que derrotou a política de exploração e empobrecimento de PSD/CDS, que já se preparavam para novos cortes nas pensões e onde estavam muitos dirigentes hoje da IL e do CH, não foi o PS, mas sim a força e o papel decisivo do PCP. A reposição e conquista de direitos, a gratuitidade dos manuais escolares, a redução do valor do passe social e integração dos diversos meios de transporte, o aumento extraordinário das pensões ou a gratuitidade das creches resultam da intervenção determinante do PCP, e só não se foi mais longe porque o PS não quis. O PS foi obrigado, por força das circunstâncias. 

Portanto não é no PS, nem no PSD, no CDS, na IL e no CH que as pessoas encontram respostas para os problemas dos baixos salários e pensões, para os problemas no Serviço Nacional de Saúde ou os problemas de acesso à habitação.

Ainda ontem o PS deixou claro a sua opção pela continuidade da política de baixos salários ao apontar 1000 euros para o salário mínimo nacional em 2028, quando a realidade o que impõe é que seja agora e não para daqui a 4 anos. Deste modo, a perspetiva do PS é que os aumentos nos próximos anos sejam inferiores ao deste ano (que já hoje é insuficiente, ainda mais insuficientes serão os próximos aumentos). O aumento geral dos salários, incluindo do salário mínimo nacional é uma emergência nacional.

É hora de mudar de política!

A realidade comprova que quando o PCP e a CDU têm mais força, há avanços e conquistas, a vida das pessoas melhora e anda para a frente.

Há agora a oportunidade para dar força à concretização de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, uma política que valorize os salários e as pensões e valorize o poder de compra, que reforce o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e garanta o direito à habitação, que ponha fim à promiscuidade entre poder político e poder económico e combata a corrupção, que combata a especulação e ponha fim ao favorecimento dos grupos económicos. Uma política que valorize o trabalho e os trabalhadores, assente nos valores e conquistas de Abril.


Presidente da bancada parlamentar do PCP

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