Do Nilo ao Eufrates, com o 'Sham(s)' pelo meio!

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O Rio Eufrates começa a ser mencionado nos comentários e análises nos “canais-notícias”, enquanto fronteira natural a atingir por “turcos”, “curdos”, “sírios”, “oposição”, “rebeldes”, “libertadores” e todos os “shams possíveis”.

O grupo que lidera a revolução, o Hayat Tahrir al-Sham (Vida Livre no Sham), tem Sham no nome, como tinha o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O Sham(s), é muito mais que o Levante, é o espaço geográfico onde alguns dos sinais do fim do mundo se manifestarão, de acordo com o dogma islâmico. Foi com jubilo que a Nação Islâmica assistiu à visita de João Paulo II à Grande Mesquita de Damasco em 2001, olhando de baixo para cima, sob a cúpula do edifício, local onde Emanuel Jesus descerá à Terra, para o confronto final! Com quem? Com o Shaitan, Satanás! Também será do Sham(s) que primeiro nos aperceberemos de que um dia o Sol nascerá a Ocidente e se porá a Oriente, outro sinal!

Ou seja, o Sham(s), território que se estende praticamente do Mediterrâneo ao Eufrates, carrega todo este peso mitológico no ADN de quem o habita. Problemáticas não são as linhas de fronteira de Sykes-Picot (1916), antes o Sham(s) também entrar em parte da Turquia!

Quanto ao Sham do grupo que agora levanta a sua bandeira, nem de uma mentira nova se trata, antes de uma reprise das “Arcas de Noé das tendências islâmicas” que as Primaveras Árabes fizeram sair do armário! O actual momento do “todos contra um”, após a tomada de Damasco tornar-se-á um “todos contra todos” e a Síria ficará “libianizada com tendências cor-de-vinho”. E esta “nova estação”, começa hoje. Fim de história!

Apesar de, nas televisões, se começar a falar do Eufrates, parece-me que ainda ninguém em Portugal enganchou no debate internacional sobre o plano de expansão territorial de Israel, justificado, na análise, através das várias frentes de batalha. A contínua pressão sobre Gaza, querendo forçar a transferência desta população para o Sinai egípcio.

O Egipto, que já teve toda esta península sob domínio israelita duas vezes (1956-57 e 1967-82), conhece bem os caminhos no sentido do Israel Bíblico do Nilo ao Eufrates, e por isso não cede. Sabe que quem sair de Gaza lá não voltará, servindo de pré-colonizador para a geração seguinte.

No sentido contrário, do Eufrates, a queda de Bashar al-Hassad e a tomada de Damasco pela “Arca de Noé Sham”, é o melhor cenário para os serviços e militares israelitas capitalizarem um “todos contra todos”, enquanto vão consolidando o “plano Netanyahu/Shas”.

Ou seja, a aliança do “CDS de Netanyahu” com os ultraortodoxos do Shas, sempre teve um sentido. Este: o de garantir a unificação do Israel Bíblico, condição essencial para a descida do Messias à Terra Prometida. Certamente, mais um sinal do fim do mundo, mas este, aparentemente dos bons, até de acordo com o nosso CDS!


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Escreve de acordo com a antiga ortografia

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