DN: fiel ao passado, voltado para o futuro

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Na passada segunda-feira, 9 de setembro, tive a honra de assumir a direção do Diário de Notícias. Abracei este desafio com a consciência de que o DN não é um jornal qualquer. O DN é o jornal que deu origem ao jornalismo moderno em Portugal e que, durante 160 anos, acompanhou os grandes acontecimentos que moldaram o passado, o presente e o futuro do nosso país.

Desde o período da Monarquia Constitucional, escreveram neste jornal muitos dos grandes vultos das artes, das letras e da política lusa. Dirigir o DN implica saber honrar esse legado ímpar, cuidando do jornal e das pessoas que o fazem. O diretor do DN deve ser, antes de mais, um guardião do jornal e dos seus valores, sem esquecer que os jornais são as pessoas que os fazem. E, no caso do DN, são também as pessoas que o fizeram ao longo de mais de um século e meio. Cuidar e preservar este legado, para que possa ser transmitido às gerações futuras, é um dever sagrado e uma enorme responsabilidade.

A direção do DN está consciente desta sua missão e, também, das dificuldades que o setor da Comunicação Social atravessa, como, aliás, demonstramos aprofundadamente num artigo desta edição.

A digitalização mudou para sempre os hábitos de consumo de informação e colocou de pernas para o ar aquele que era o modelo de negócio tradicional dos media. Ao longo das últimas décadas, e à semelhança de outros órgão de media  em Portugal e no mundo, o DN sofreu muito com esta difícil transição, ao ponto de muitos dos que conheceram o majestoso jornal de há 30 anos terem hoje dificuldade em compreender que futuro poderá ter.

Porém, não se trata de um problema exclusivo do DN. Em boa verdade, nos tempos que correm, a mesma questão pode ser colocada a respeito de qualquer órgão de comunicação, independentemente da sua dimensão, quer se trate de uma televisão, de um jornal, de uma rádio ou de um site  noticioso. Haverá alguém neste setor que possa realmente dizer que está descansado em relação ao futuro?

Aqui chegados, quando me perguntam se, neste contexto, o peso histórico do DN é uma vantagem ou uma desvantagem, tomo a liberdade de parafrasear o 40.º presidente dos Estados Unidos: estejam tranquilos, não vamos utilizar a juventude dos nossos concorrentes em nosso benefício.

Apesar dos desafios, a equipa do DN acredita que o jornalismo de qualidade - que é essencial para a democracia e permite que os cidadãos possam fazer escolhas informadas -, terá sempre futuro, porque existe para servir a sua comunidade de leitores. Nunca baixámos, nem jamais baixaremos os braços.

Estamos a virar a página e a começar uma nova fase na vida deste jornal centenário. Desengane-se quem possa pensar o contrário, mas o DN vai continuar a cumprir o seu papel como diário de referência em Portugal, adaptando-se aos novos tempos, mas permanecendo fiel à sua identidade e aos seus valores. Só assim conseguiremos manter um projeto jornalístico sustentável e capaz de cumprir a sua missão.

A partir de agora, o DN vai ser cada vez mais um jornal verdadeiramente multiplataforma, sem prejuízo de o formato em papel continuar a ser muito relevante. No fim de contas, o mais importante não é o suporte, mas sim a qualidade do jornalismo que publicamos e saber se vai ao encontro das necessidades da nossa comunidade de leitores.

O que nos leva à nossa grande prioridade, que é onde assenta tudo o resto: temos de fazer bom jornalismo, com independência, rigor e isenção. Quanto mais credível for o DN, melhor cumprirá a sua missão de informar e escrutinar e mais sustentável será.  Este é o compromisso que a nova direção do Diário de Notícias assume consigo desde já, estimado leitor. Esteja connosco neste esforço e junte-se à nossa comunidade. Ajude-nos a construir o DN dos próximos 160 anos.

Diretor do Diário de Notícias

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