Esta tragédia suscita, naturalmente, emoções mais desagradáveis, não apenas em quem a vivenciou na primeira pessoa, mas também naqueles que a presenciaram, intervieram ou tomaram conhecimento. É o caso desta criança, e de tantas outras, que sente agora medo, tristeza, ansiedade… e, por isso, evita diversas situações. Como podemos nós, adultos, ajudar as crianças a lidar com estes medos? Ficam aqui algumas dicas. 1. Acolher o medo sem julgamentos• Reconheça e valide aquilo que a criança está a sentir (“percebo que estás assustado, foi um acidente muito triste”).• Evite frases como “não tens razão para ter medo” – a criança irá sentir-se invalidada e incompreendida e a sua ansiedade pode aumentar. 2. Restabelecer a confiança nos transportes• Explique, com uma linguagem adaptada à idade, que os diversos meios de transporte têm sistemas de segurança. Pode usar um exemplo mais próximo, como as revisões e inspeções que são feitas aos automóveis.• Use exemplos positivos: “Lembras-te da última vez que fomos de carro e correu tudo bem?”.3. Encoraje a expressão e a regulação emocional • Ajude a criança a nomear o que sente: medo, tristeza, ansiedade, confusão…• Ensine algumas técnicas simples de respiração ou visualização para momentos de maior ansiedade.4. Incentive a expressão criativa para lidar com a emoções • Incentive a criança a desenhar, brincar ou contar histórias sobre o que sente, podendo usar fantoches para simular situações seguras com os diversos meios de transporte. 5. Exponha a criança de forma gradual às situações receadas• Comece com trajetos curtos e familiares.• Dê à criança alguma sensação de controlo (por ex., escolher o lugar onde se senta, levar um brinquedo de conforto). 6. Ambiente seguro e previsível• Mantenha rotinas estáveis e mantenha-se emocionalmente disponível.• Proteja a criança, evitando a exposição excessiva a conversas ou notícias sobre o acidente.7. Peça ajuda especializada, se necessário • Se o medo da criança começar a ser muito intenso, frequente e duradouro, interferindo com as suas atividades de vida diárias, peça ajuda a um psicólogo.Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal