Com a esperança certa, um Ano Novo melhor

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Quero despedir-me do ano velho e apontar a perspectiva de um Ano Novo melhor. Mas quero fazê-lo com o sentido real da esperança que brota das circunstâncias em que transformamos a realidade que vivemos.

Escolho despedir-me de 2024 e encarar 2025 com a referência do 50.º aniversário da revolução do 25 de Abril e com a experiência das suas profundas transformações sociais, económicas, culturais e políticas.

Há 50 anos a Mensagem de Ano Novo do então Presidente da República, Costa Gomes, apontava esse sentido de futuro em que, ainda hoje, nos podemos inspirar.

Dizia-se nessa mensagem que “a revolução do 25 de Abril foi acontecimento grande nas Histórias de Portugal e do Mundo. (...) Encerrou-se, em 1974, uma primeira fase de aprendizagem político-social ,em que o povo português demonstrou alto civismo e revela capacidade para reconstruir uma sociedade pela via democrática autêntica e livre”.

A partir do novo sentido colectivo que a Revolução dava ao Povo, apontava-se um caminho realmente possível de percorrer: “Com o aumento dos níveis salariais mais baixos, que permitirá a entrada de mais pessoas nos circuitos económicos, e com a redução contínua das despesas militares, que permitirá investimentos estatais mais reprodutivos, não é preciso ser profeta para prever que se vão criar condições para, dentro de 2 anos, termos uma evolução económico-financeira nitidamente favorável, desde que saibamos criar um clima de confiança nas relações dos factores de produção.”

Reflectia-se, ainda, sobre questões candentes daquele tempo (e, provavelmente, candentes em toda a História da Humanidade): “A paz é aspiração, é vocação imanente no Homem, quer no plano individual da consciência, quer no plano sociológico das relações intergrupais, quer ainda no plano global das relações entre os Povos. A paz, no entanto, não é um dom natural como o ar que respiramos; a paz defende-se e constrói-se com trabalho, compreensão, paciência, amor, tolerância, coragem, sacrifício e uma atitude crítica de vigilância permanente para o nosso mundo interior e para o mundo exterior onde devemos ser causa e consequência de uma paz autêntica. A paz exige o esforço anónimo e permanente de cada um de nós e terá de se subordinar aos conceitos superiores do Bem e da Justiça ao serviço do Homem e dos Povos.”

Não é difícil imaginar que, na passagem de 1974 para 1975, o povo português olhasse com confiança e entusiasmo para o Ano Novo. Havia razões para confiar que o futuro colectivo tinha o sentido do progresso, da Justiça Social, do desenvolvimento, da democracia.

As razões dessa confiança estavam à vista nas transformações em curso, das quais o povo era obreiro.

Tenho a esperança, certa, de que, com a força com que ergueu essa obra extraordinária da Revolução de Abril, o Povo português também conseguirá fazer de 2025 um ano novo melhor.

Hoje, como então, “faremos um Portugal mais próspero, com uma riqueza mais justamente distribuída”.

Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico

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