Um passado forjado por marcos históricos, culturais e linguísticos moldam o presente das relações entre Brasil e Portugal. O futuro, no entanto, parece ser estratégico. Em fevereiro de 2025, dois eventos reafirmaram que esse vínculo parece evoluído no tempo para fortalecer laços: a XIV Cimeira Brasil-Portugal e o lançamento do 3º Prémio FIBE.Em Brasília, a XIV Cimeira consolidou 19 acordos bilaterais em áreas como saúde, energia, cultura e agricultura, reforçando a importância de uma cooperação diplomática sólida. O encontro foi coroado pela assinatura de uma Declaração Conjunta, na qual os líderes de ambos os países assumiram compromissos para o futuro dessa relação bilateral. Além do fortalecimento do intercâmbio económico, destacaram o papel essencial da comunidade brasileira em Portugal no estreitamento dos laços entre as nações.Do outro lado do oceano, em Lisboa, de forma mais modesta, o Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE) inicia 2025 com um objetivo claro: reforçar a produção de conhecimento e o intercâmbio académico, cultural e social entre os continentes. No centro dessa missão, está o Prémio FIBE, que destina 6 mil euros em premiações para dissertações de mestrado e teses de doutoramento que abordem aspetos históricos, políticos, jurídicos, económicos e culturais dos países lusófonos.Nesta edição, duas novidades merecem destaque. A primeira é o lançamento da distinção especial “Imigração com Integração”, em parceria com o DN Brasil, que distinguirá estudos sobre a imigração de brasileiros em Portugal e no restante da Europa. A iniciativa visa valorizar pesquisas que analisam desafios e oportunidades relacionados às diversas faces da imigração para qualificar o debate público sobre o tema e, ao fim e ao cabo, contribuir para a melhora da situação desse grupo social.A segunda novidade é a ampliação dos parceiros. Além da Almedina, do IDP, ISCSP e do DN Brasil, o Prémio FIBE passa a contar também com apoio institucional da Embaixada do Brasil em Portugal e da Embaixada de Portugal no Brasil. Esses canais diplomáticos são fundamentais para viabilizar projetos conjuntos, firmar parcerias e superar barreiras burocráticas. Dessa forma, ao apoiar iniciativas como o Prémio FIBE e contribuir para encontros bilaterais de alto nível, as representações diplomáticas demonstram, na prática, a relevância estratégica dessa relação.O FIBE, organização sem fins lucrativos fundada em 2021, transcende o campo discente. A instituição fomenta um ambiente de troca de ideias capaz de gerar marcos regulatórios mais eficientes e políticas públicas inovadoras. Por meio da promoção de debates, eventos – tanto técnicos, quanto académicos e culturais – bem como pesquisas junto a universidades, instituições governamentais, juristas, economistas e membros da sociedade civil, o FIBE objetiva promover um diálogo contínuo para fortalecer os laços entre o Brasil, Portugal e outras nações europeias.No horizonte, a expectativa é de que Brasil e Portugal sigam aprofundando laços em setores como economia verde, energias limpas, indústria 4.0, serviços de tecnologia dainformação e desenvolvimento sustentável. Além disso, a mobilidade de profissionais e estudantes, ancorada em acordos específicos e parcerias académicas, tenderá a gerar benefícios de longo prazo, ao criar redes de cooperação que transcendem governos e ciclos políticos.É nesse movimento de convergência que Brasil e Portugal avançam, consolidando um relacionamento que não só celebra o passado, mas também planea o amanhã – um futuro no qual a cooperação académica, cultural e política se torne cada vez mais imprescindível para enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação.A cerimónia de lançamento do 3º Prémio FIBE acontece hoje no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa. As inscrições, gratuitas, ficarão abertas no site do FIBE até 30 de setembro, com divulgação dos resultados em 15 de novembro.*Coordenadores do Prémio FIBE