Avante Carlos Moedas

Publicado a

Janeiro de 2022. Reunião do orçamento da CML para esse ano. O PS alerta para a existência de erros técnicos: a verba destinada à habitação tinha menos 40 milhões de euros do que o anunciado. Em vez de assumir o erro, Carlos Moedas correu para as televisões e telefonou para as redações, acusando o PS de ser uma força de bloqueio e de querer reprovar o orçamento. O PS foi apanhado desprevenido com a principal caraterística política de Carlos Moedas: a vitimização. Lição aprendida. Recorde-se que Carlos Moedas tinha sido eleito no ano anterior, com três momentos que definiram a sua persona política: exigiu a demissão de Medina por causa do envio de nomes de manifestantes para a embaixada russa (quando este envio foi feito por um funcionário da CML que foi posteriormente contratado para trabalhar no gabinete de… Carlos Moedas); afirmou num debate com Medina que tinham morrido 26 pessoas nas ciclovias de Lisboa em 2019 (não morreu nenhuma, mas Moedas considerou tratar-se de um lapso insignificante para a vida dos lisboetas); e finalmente, prometeu acabar com a ciclovia da Almirante Reis assim que fosse eleito (estamos a caminhar para o final de 2025 e nem um pino foi alterado).

Ao longo deste mandato, assumiu como suas, obras que foram iniciadas, projetadas ou deixadas prontas para começar pelo seu antecessor: plano geral de drenagem, centros de saúde, escolas. Um “corta-fitas” alheias. É assim Carlos Moedas: quando as coisas correm bem, o mérito é seu, quando correm mal, a culpa é dos outros. Aqui chegados, cabe ao PS, pela implementação que tem na cidade de Lisboa, pela obra feita, pelo número de freguesias que gere e pelos consecutivos resultados eleitorais, apresentar e assumir uma alternativa à Lisboa de quatro anos de Moedas: suja, com lixo acumulado, pragas sem controlo, espaços públicos e verdes abandonados, cara e apenas acessível para alguns. Esta alternativa é corporizada por Alexandra Leitão, que pela sua capacidade de diálogo e pela confiança que inspira nos compromissos que assume, conseguiu alargar o seu projeto político a mais partidos e independentes, na coligação Viver Lisboa. Fora das fantasias retóricas de outras forças políticas, os lisboetas sabem que pela razão dos números e resultados, no próximo dia 12 de outubro, apenas duas pessoas podem ser Presidente em Lisboa: Alexandra Leitão ou Carlos Moedas. Por muito respeitáveis que sejam todas as outras alternativas políticas, a escolha nestas é um voto desperdiçado.

E aqui entra a incompreensível posição do PCP, que optou por se excluir da coligação Viver Lisboa, alienando-se dos interesses dos lisboetas, e prefere ser a boia de salvação de Carlos Moedas em Lisboa. Sejamos absolutamente claros: Moedas aliou-se à Iniciativa Liberal, cuja visão radical da economia tem propostas feitas no presente mandato (!!!) como a privatização da recolha de lixo da cidade, a oposição a apoios às cooperativas de habitação, ou o voto contra a gratuitidade dos transportes públicos (que Alexandra Leitão pretende alargar a todos os lisboetas independentemente da sua idade). É este o projeto político caso a direita ganhe Lisboa. É este o preço imposto pela IL a Moedas. Por isso, todos os votos contam para impedir este radicalismo liberal. É por isso que um voto no espaço político do centro-esquerda que não seja na coligação Viver Lisboa, é um voto em Carlos Moedas. Um voto no PCP é um voto em Moedas. O PCP sabe isso. Para o PCP os (inconfessáveis) fins justificam os meios. Depois do silêncio em relação à invasão russa da Ucrânia, o PCP quererá gritar Avante Carlos Moedas?

Presidente da Junta de Freguesia de Alcântara

Diário de Notícias
www.dn.pt