Ao futuro Primeiro-Ministro de Portugal

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Não sei quem se sentará na cadeira do poder, quem será o próximo Primeiro-Ministro do nosso País, porque isso vai depender dos arranjos parlamentares post eleitorais, seja a curto ou a médio prazo, como já nos (a nós, povo e, principalmente entre eles) foram avisando os diversos chefes partidários, como já vem sendo habitual na cena política nacional.

Oscar Wilde escreveu um dia:

“A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho pode durar”.

Já todos tivemos as nossas paixões eternas e alguns, pequenos ou grandes, caprichos ao longo das nossas vidas.

Mas, saberemos diferenciá-los?

Uma paixão é uma impressão viva, uma grande inclinação ou predilecção, um afecto violento, um amor ardente, o objecto desse amor.

Um capricho é uma vontade súbita e infundada, um aferro obstinado, uma fantasia, um empenho em levar a cabo uma coisa sem razão ou motivo que obrigue.

Uma paixão é “eterna” enquanto dura a perturbação, o movimento desordenado do ânimo, e quando passa, é um grande desgosto, um grande pesar.

Vivemos tempos conturbados, desordenadores de ânimos, eventualmente motivadores de grandes pesares, com guerras grandes (e pequenas) um pouco por todo o lado neste pobre mundo em que vivemos, com os nossos governantes, aqueles cá do burgo lusitano a quererem fazer crer que o nosso “pequeno mundo” é um oásis no meio da conturbação geral.

Nesta altura, com capricho pelo País que pretendem governar, os nossos políticos revelam ter uma paixão pelas nossas cores, pelo povo que já governaram ou que pretendem governar em vez dos que já governaram, quiçá esquecendo as dificuldades que todos somos obrigados a enfrentar devido precisamente a vários caprichos, sejam colectivos ou sejam individuais, de quem sem paixão e caprichosamente, anda a mexer todos os cordelinhos de uma economia que tarda em recuperar.

Será que de entre os que comandam, seja a nível global, seja a nível local, sob uma capa de grande paixão pelo “esforço” que dizem fazer não se escondem caprichos bem maiores que a paixão?

Todos os dias ouvimos os comandantes do mundo, global e local, porque, sim, há imensos mundos neste mundo, dizerem que são eles quem tem o conhecimento de como se devem fazer as coisas e que nós, pobres mortais, devemos estar gratos pela paixão

que dizem ter pela causa pública, onde só estão por dever e não por outra razão (por capricho, nunca!), que dariam a vida pela sua causa, e que o nosso dever é dar Graças pela paixão que colocam na resolução dos problemas que nos afligem diariamente.

Mas, referindo Oscar Wilde novamente,

“Uma coisa não é necessariamente verdadeira só porque um homem morre por ela”.

Não esqueçamos que esses homens estão somente a defender os seus tronos, os seus caprichos, que tentam definir como paixão, para que os sigamos com a cegueira própria das paixões, para que não tenhamos, dizem eles, um grande pesar, um grande desgosto, maior do que já temos actualmente, quando a sua paixão pelo canto do mundo onde vivemos, trabalhamos, descansamos e amamos terminar.

Porque alguns querem ver os seus caprichos vingarem e os seus tronos continuarem sem reclamações apaixonadas, precisamos, com urgência, de saber distinguir um capricho de uma paixão, para manter viva a nossa paixão por Portugal e acabar com qualquer capricho de quem quer o poder a todo o custo.

O “pouco” que peço e que acho que podemos colectivamante exigir aos diversos chefes partidários é que sendo candidatos às cadeiras do poder, tenham respeito pelo povo a quem juram paixão eterna e que saibam que nós sabemos que eles sabem que nós sabemos que, como dizia Montaigne:

“Sobre o mais belo trono nunca se sentou senão um rabo”.

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