“Ai Senegal, Senegal, tens um pé numa galera e outro no fundo do mar”!
O título é “naghil”, Palmeiral em árabe, no mais aproximado que consigo a “Palma”. O assunto, o Senegal, não se trata de uma fixação qualquer, antes uma perseguição consciente, no sentido do “radar raulesco” que vem registando a diacronia em “Senegal o novo rosto/sede do Panafricanismo 2.0!” e “Legislativas Senegal – Entre a vingança e o respeito ao Sobba!”. A última, nada discreta e a merecer o nosso destaque, vem de Paris, porque foi dita em Paris pelo Presidente (PR) do Senegal, Bassirou Diomaye Faye (BDF), “o Senegal é um país independente, é um país soberano e a soberania não pode ser conciliada com a presença de bases militares num país soberano”, a propósito da presença do dispositivo militar francês no seu país. BDF tem razão e no café ainda fica melhor alguém dizer, “está na Carta”!
BDF tem razão, mas não tem! BDF teria razão se continuasse em campanha, o soundbyte colaria como colaram os apelos ao fim da CEDEAO e do Franco CFA. E o que assusta em BDF é esta audácia de dizer o que disse, em casa do anfitrião. Antes audácia que desconhecimento! Mas deve ser audácia já que parece haver aqui um padrão. A saber:
Relativamente à “linguagem de campanha”, é normal que ainda se sinta na crista da onda, sobretudo depois de ter feito do PM Ousmane Sonko, “o Sá Carneiro de Dakar, com um PR, um Governo e uma maioria” parlamentar, conquistada este novembro;
É verdadeiramente Sonko o audaz, que leu Maquiavel e (não) aparece agora enquanto iconoclasta do protocolo, nas declarações de Paris, mas também da tradição africana, ao prever-se o que uma nova Constituição trará. Melhor, o que a “audaz Constituição Sonko/BDF” não trará, já que anunciaram o fim do Alto Conselho das Colectividades Territoriais. Acabar com este ACCT, até dá vontade de dizer que afinal é desconhecimento e não audácia. Mas insisto na audácia, até para validar este “panafricanismo 2.0”, que também incorpora novos valores e a audácia está em ser um panafricanismo antitradição, o que só em si é a contradição que o irá engolir! E antitradição porque anticlerical! Acabar com o ACCT será acabar com o federador/financiador das dezenas de confrarias religiosas, mais as centenas de associações culturais e desportivas, a frágil cola que dá sentido ao “Senegal multiétnico unido”. Anular este pilar agregador/apaziguador que o ACCT representa, será rebentar o Senegal por dentro, o que transforma este panafricanismo em apocalíptico!
Não passarão! Porquê? Porque terão o efeito vacina na vizinhança mais próxima, que alastrará ao continente. Aliás, ali bem perto, é o que está a acontecer com o isolamento da Aliança dos Estados do Sahel. Mali, Burquina e Níger, começam a surgir como os novos não exemplos a seguir. O mais que provável caminho para o Senegal em 2025. Bon Courage Sénégal!
Escreve de acordo com a antiga ortografia