AGI em 2040?

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O conceito de Inteligência Artificial Geral (AGI) não é definido da mesma forma por todos os que se têm pronunciado publicamente sobre este tema. David Silver, cientista investigador principal do DeepMind, explica que a AGI se refere a um tipo de AI que possui uma inteligência semelhante à humana, com a capacidade de compreender, aprender e aplicar o conhecimento numa vasta gama de tarefas (desde a resolução de problemas complexos ao pensamento criativo e à interação social). Ao contrário das AIs especializadas, restritas a uma única função (medicina, finança, engenharia, jogos), a AGI aspira a espelhar a adaptabilidade humana e a capacidade geral de resolução de problemas. Já Elon Musk utiliza o critério de “uma inteligência artificial mais inteligente do que o mais inteligente dos humanos” (que estima que ocorra já em 2026). Jensen Huang, o CEO da Nvidia, previu que a AI “igualaria ou superaria o desempenho humano em qualquer teste” em 2029.

Quando é provável que apareça uma AGI? Há poucos anos atrás, antes dos rápidos avanços nos modelos de grande linguagem, os cientistas previam-na por volta de 2060. Um inquérito de AIMultiple de 2023 junto de 2.778 investigadores de AI revela que muitos deles preveem a AGI por volta de 2040. Alguns empresários estão ainda mais otimistas, prevendo-a por volta de 2030.

Para Silver, embora a AGI seja um objetivo a longo prazo, alcançar a verdadeira inteligência de nível humano provavelmente exigirá vários avanços por etapas e desenvolver-se-á gradualmente ao longo do tempo. Ilya Sutskever, co-fundador e Chief Scientist na OpenAI, prevê que a AGI possa surgir nos próximos 5 a 10 anos, embora reconheça incerteza quanto a este calendário.

Com algumas exceções (AI imbatíveis em xadrez ou em Go), as AIs especializadas atuais não têm ainda a versatilidade, adaptabilidade e profundidade de compreensão encontradas na inteligência humana. A AGI representaria um salto transformador na investigação em AI, passando de capacidades com um foco restrito para uma inteligência mais holística e adaptável. Apesar dos crescentes desenvolvimentos tecnológicos, é possível que as etapas para a sua criação ocorram de forma mais lenta do que muitos teorizam. O encurtamento das estimativas temporais parece otimista e parcialmente decorrente da necessidade de manter um elevado nível de expectativas nos investidores para que os [avultados] fundos necessários continuem a afluir.

Em qualquer caso, não é possível ignorar que muitos especialistas acham a criação de AGIs inevitável. As empresas criadoras de AGIs vão continuar a pôr ênfase nas maravilhas que estas vão potenciar. É imperioso que a sociedade civil discuta também os riscos delas decorrentes. E que os responsáveis políticos percebam que é importante, e urgente, prevenir esses riscos, analisando e regulando esta matéria.

Consultor financeiro e business developer www.linkedin.com/in/jorgecostaoliveira

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