A União Europeia deve mudar de paradigma e António Guterres deve passar o testemunho
No rescaldo do segundo confronto direto entre o Irão e Israel em menos de 6 meses, cabe aos líderes do chamado “Ocidente” aceitar a nova realidade geopolítica.
Há um enorme e irreversível jogo de soma zero em curso, em que a proporção dos ganhos dos vencedores, será medida pela contabilização dos danos dos perdedores.
O “jogo antigo”, tinha regras alicerçadas na força normativa do direito internacional, interpretada e regulada por instituições supra estaduais nascidas no Pós II guerra mundial. Na sua essência, baseava-se numa matriz jurídica e moral judaico-cristã que era comum à maioria dos Estados vencedores, e tinha como modelo de governo favorito a democracia liberal.
Este novo jogo tem regras alicerçadas na força normativa dos canhões, interpretadas por delírios imperialistas e messianismos (ideológicos e religiosos) e são reguladas pelo calculismo das lideranças.
A sua essência baseia-se numa matriz jurídica e moral maquiavélica, em que os fins justificam os meios, comum à maioria dos Estados “desafiadores” da Ordem Internacional, e tem como modelo de governo favorito a autocracia.
Este novo jogo exige dos países europeus uma mudança de paradigma, se queremos legar aos nossos filhos um futuro com os valores morais, a riqueza e a paz de que desfrutamos durante quase 80 anos.
Neste novo paradigma, não cabem tibiezas na condenação dos atos de agressão contra a Ucrânia e Israel, nem ambiguidade no apoio político, militar e económico a ambos.
No caso de Israel, importa lembrar às atuais lideranças políticas em Portugal, o apoio discreto e contínuo de Israel a Portugal na prevenção e neutralização de ameaças terroristas, e na cooperação em questões de Defesa Nacional.
Que as bravatas mediáticas de uns, e as agendas pessoais e ideológicas de alguns elementos-chave da manobra de política externa portuguesa, não ponham em causa mais de 50 anos de cooperação de valor inestimável para Portugal.
Nesse novo paradigma, não cabem lideranças da ONU que permitem a infiltração de terroristas nos seus quadros, e branqueiam atos de agressão como o bombardeamento de Israel por parte do Irão.
O atual Secretário Geral da ONU quebrou o seu estatuto de imparcialidade, inviabilizou o papel histórico desta função na mediação de conflitos no Médio Oriente, e por isso deve passar o testemunho.
Por fim, neste novo paradigma, cabe às democracias europeias robustecer as suas capacidades de segurança, defesa, respeitando a soberania de cada Estado.
Instrumentos de responsabilidade coletiva como o Pacto Europeu das Migrações é o plano apresentado por Mário Draghi, são exemplos a seguir e a implementar o mais rapidamente possível.
Neste novo jogo geopolítico, a Europa tem mudar de paradigma e de mentalidade, assumir as suas responsabilidades na NATO, e perceber que este novo ciclo só terminará com uma “paz dos vencedores”.
It's geopolitics, stupid.