A tragédia da Glória e a indignidade da política sem provas

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O acidente do Elevador da Glória, que tirou a vida a 16 pessoas e feriu mais de duas dezenas, ficará para sempre gravado na memória da cidade.

Lisboa está de luto. O nosso primeiro dever é para com as vítimas e as suas famílias, que merecem dignidade e respostas sérias.

Mas a resposta política a esta tragédia não pode ser a exploração oportunista da dor. Infelizmente, foi isso que vimos com a moção de censura apresentada na Assembleia Municipal de Lisboa. Uma moção construída sobre ausência de factos, ausência de provas e ausência de seriedade.

Onde estão as análises técnicas que sustentam as acusações? Onde estão os relatórios que comprovem negligência?

Até hoje, não foi exibido um único documento que aponte falhas de manutenção ligadas ao regime transitório dos contratos. Pelo contrário, os relatórios de inspeção confirmaram a conformidade até ao dia do acidente.

Uma moção que acusava o Executivo de não ter atendido aos alertas de sindicatos, mas também sem apresentar um único ofício sindical formal, anterior à tragédia, que sustente essa narrativa.

Mas pior… a moção insinua que o acidente se deve a uma ação negligente do próprio Carlos Moedas. Sem uma única consubstanciação factual. Que relatório diz isso?

Transformar acusações sem base em arma de guerrilha eleitoral não é exigir responsabilidade política. É praticar uma irresponsabilidade política clamorosa. É ofender a cidade, insultar a democracia local e desrespeitar as vítimas.

E essa irresponsabilidade tem nome: Bruno Mascarenhas, candidato do Chega à Câmara Municipal de Lisboa que, ao contrário da postura institucional irrepreensível que o seu partido, através de Bruno Ventura, tem apresentado desde o dia do acidente, tentou montar um palco partidário sobre 16 vidas perdidas.

Por outro lado, o contraste é gritante. Enquanto uns procuram palco mediático, o Presidente da Câmara foi o primeiro a chegar ao local, a liderar equipas, a decretar luto municipal, a encerrar preventivamente outros elevadores, a abrir inquéritos e a estar com as famílias das vítimas.

Enquanto uns exploram a tragédia, Carlos Moedas mostrou liderança, respeito e ação.

A verdade é que Lisboa tem investido no transporte público: entre 2022 e 2025, os pagamentos da câmara à Carris aumentaram 29%.

O orçamento da empresa em 2025 cresceu 30% face a 2021. A Carris tem sido prioridade, dos passes gratuitos à integração com as bicicletas Gira e com o estacionamento dissuasor. Estes são factos, não são slogans.

Lisboa não esquecerá a dor desta tragédia, mas também não esquecerá quem tentou fazer dela um trampolim político. Em momentos de crise, distinguem-se os que sabem governar dos que só sabem gritar.

E essa diferença é absoluta.

Presidente da Concelhia do PSD em Lisboa

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