A nova ordem mundial de Trump ‘It’s all about money’...

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Já se percebeu o que os Estados Unidos querem do mundo. Basicamente estender a sua influência às zonas mundiais onde se encontram os maiores recursos naturais, sobretudo petróleo, gás e terras raras.

Portanto, como a Europa não tem nada disto o velho Tio Sam virou-lhe as costas e transferiu a sua influência para a zona hemisférica próxima dos Estados Unidos. Isto quer dizer o quê? Quer dizer América central e do sul. Sobretudo do sul onde se situa a Venezuela. E o que há e de tão importante na Venezuela que justifica esta “conversa da treta” da droga inventada por Trump e pelos seus MAGA men? Pois bem. A Venezuela tem as maiores reservas mundiais de petróleo e gás natural. Tem, também, ferro, bauxite e ouro. O problema é que em 2023 e 2024 o principal país de exportação de petróleo venezuelano eram os Estados Unidos. Mas, com as sanções impostas por Washington o petróleo venezuelano começou a ser exportado para a China. As mudanças no mercado exportador de petróleo originaram a que 80 a 90% do petróleo venezuelano rume a Pequim. Os caros leitores estão a ver, portanto, algumas razões da nova ordem mundial.

Mas no que respeita às Américas não ficamos pela Venezuela. O Brasil também é apetitoso para a nova ordem mundial. Para além do petróleo é um país com potencialidades, pois claro, em terras raras, esse novo ouro do século XXI. Depois a Colômbia e o Peru não são despiciendos. O primeiro é promissor em terras raras e o segundo tem alguns metais preciosos.

É claro que Trump e sus muchachos têm outras ideias para a nova ordem mundial. O Alasca e a Gronelândia, pois claro. O Alasca é um maná de petróleo , ouro, prata , zinco e cobre. Quanto à Gronelândia à qual Trump já enviou o seu vice JD Vance, a nova ordem mundial justifica-se pela existência de ferro, ouro, zinco , terras raras, petróleo e gás. Mas aqui a coisa complica-se porque Moscovo já está também de olho no Alasca e deve estar arrependido da venda que fez aos Estados Unidos em 1897 por 7,2 milhões de dólares. Ele há bens que não se devem vender. E quanto à Gronelândia é um território autónomo, mas sob soberania da Dinamarca (país da NATO) portanto difícil de abocanhar para a nova ordem mundial....

E, no meio tudo isto, como a fica a União Europeia? Fica pobrezinha, pois claro! O que havemos de fazer à vida? Não temos petróleo, gás, nem terras raras (o lítio do Barroso conta pouco)! Portanto estamos fora do jogo da nova ordem mundial de Trump. Mas, isso, talvez até possa ser bom. Como refere Kay Bailey Hutchison, embaixadora norte-americana na NATO, ao Politico, Trump poderá estar a fazer um grande favor à União Europeia obrigando-a a mexer-se e a agir sozinha. Resta, assim, pouco à União Europeia que não seja pagar, ela própria, as suas despesas de Defesa. Sem esperar nada do Tio Sam que se virou para outras paragens. Os países da União Europeia tem agora de encontrar, de um modo articulado e conjugado, o modo de conseguirem todos os equipamentos e hardware necessários para a eventualidade de uma guerra e para reinventarem os seus caminhos do progresso. Que remédio! Trump estoirou com o que de mais valioso existia na ligação transatlântica entre a Europa e os Estados Unidos-A Confiança. Com esta quebra de confiança danificou, perigosamente, o crescimento e a desenvolvimento científico europeus. E com a sua fixação doentia pelos combustíveis fósseis está a pôr em causa o projecto europeu de transição energética que era a menina dos olhos de von Der Leyen.

Ainda por cima a União Europeia está dividida e ameaçada por partidos de extrema-direita que Trump apoia. A Hungria e a Eslováquia “já jogam noutro clube” perante a indiferença de quem devia dar um murro na mesa! Espertos são os países nórdicos e a Polónia que já se entenderam com o Reino Unido (país com capacidade nuclear) para, deste modo, terem ao dispor uma proteção de dissuasão nuclear em caso de confusão bélica.

Entretanto Bruxelas continua “de mão estendida” na procura de um entendimento da União Europeia com Trump sobre a Ucrânia que se sabe, dificilmente, chegará. Trump está a tentar destruir a União Europeia dando força e meios a partidos anti-Europa como o de Marine Le Pen, em França, o partido populista PiS na Polónia e a AfD alemã.

A União Europeia tem de encontrar o seu caminho em unidade e preservando o que Trump quer pôr em causa e que é o mais valioso que possuímos no projecto europeu - a nossa liberdade individual. A nossa liberdade de imprensa e sindical. E os nosso sistema democrático que pode ter muitos defeitos mas, que eu saiba, não conhecemos outro melhor. Uma nova ordem mundial de Trump? Pois é ! It’s all about money!

Jornalista

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