Li o artigo publicado no DN, sob o título “Narciso e Valentim: vidas paralelas (prova de vida)”, de António Araújo, do passado domingo [25 de agosto]. .Uma grande prova de vida com tanta importância que o cronista ou “historiador” precisou de usar quatro das seis páginas que o DN reservou para o tema Cultura..“Prova de vida” notável! Verdadeiramente fantástica!.Obviamente que este tipo de trabalhos deve ser feito com rigor, seriedade, sem estados de alma, de uma forma aberta sem sofismas, e muito menos complexos de superioridade intelectual, sempre fatais para os donos das verdades absolutas..Foi tudo isto o que não aconteceu..Procurei conhecer minimamente o Curriculum deste senhor e fiquei esclarecido quando constatei os ataques pessoais a muitos, designadamente, quando (segundo li) “arrojou-se a chafurdar no alto da sua cátedra de puro sem mácula dando as suas bicadas atirando a sua própria lama como aconteceu com Fernando Nobre, Torres Couto e Clara Pinto Correia.”.Há tentativas de rescrever histórias de alguns “historiadores” que as suas próprias histórias ou avaliações os desmascaram..Vamos ao que importa.. A leitura deu para me rir de forma divertida, mas também ponderar, pensar e refletir sobre estas “coisas” que, normalmente funcionam em circuito fechado para auto satisfação de alguns “purificadores de almas” e pseudo donos dos valores da democracia e das éticas de contornos diluídos e equívocos desta “boa gente”, frustrada, angustiada e invejosa. Pretendeu o autor transmitir aos leitores do DN uma imagem à sua própria medida e dimensão sustentada numa perspetiva pessoal, mesquinha, carregada de preconceitos por vezes doentios, prenhe de subjetivismos e ódios de estimação..Bem sei que esta gente, “intelectualmente superior”, vive em bolha e sufocada por medos contraditórios..Mais uma “prova de vida” deste vez contra mim e a minha verdadeira vida, denegrindo-a ostensivamente com verdades descontextualizadas, meias verdades e mentiras descaradas, tudo caldeado com um confrangedor preconceito..A vida é uma luta permanente e nunca me sentei a ver o tempo passar… lutei, luto e lutarei, arrogando-me no direito de pedir a este senhor que se não chateie tanto com os/as que fizeram e/ou fazem..Atingidos os objetivos? Não de todo..Assumo com honra e orgulho as minhas humildes origens, o meu percurso e a minha vida, sentindo-me bem, dormindo serenamente e contagiado com o orgulho do serviço político e público até hoje realizado..Decidi, que mais importante do que repor a minha verdadeira prova de vida, recorrer a algumas mensagens e/ou opiniões que respeitáveis figuras, que muito admirei e admiro, escreveram a meu respeito aconselhando o senhor “historiador” a ter mais cuidado na forma como reescreve histórias de outros olhando e reavaliando a sua própria história de vida..Assim, com devida vénia, transcrevo as referidas avaliações a meu respeito: D. Manuel Martins, ilustre matosinhense, que foi Bispo em Setúbal, escreveu: “…Mais pelo que vejo do que pelo que ouço, posso dizer, feliz, que a nossa terra de Matosinhos sofreu uma transformação profunda e agradável, que a tornou quase irreconhecível, com a presidência inteligente, corajosa e dinâmica de Narciso Miranda. Ele é daquela gente, aquela gente é dele. Ele é o daquela gente.”.Ou como escreveu Manuel António Pina: “... O modo como a cidade e o concelho têm sido exemplo, a nível nacional, a ação social e a arte pública... isso tem o rosto de um homem: Narciso Miranda” e a seguir que “… Matosinhos é hoje a cidade com melhor urbanismo da melhor qualidade, da Área Metropolitana do Porto.”.Ou então o que disse Jorge Sampaio: “…Lembrei-me da liderança forte e estratégica de Narciso Miranda, quase trás décadas à frente do Município, e quem partiu, certamente, a ideia de marcar o municipalismo democrático no seu concelho com uma arquitetura marcante e que abrisse a cidade para uma nova centralidade.”.Para António Araújo, o que fui fazendo, ao longo da vida, foi populismo, enquanto para D. Manuel Martins o quadro é bem diverso ao escrever que “Eu, lá longe da minha terra natal, ia acompanhando pela comunicação social, televisão, jornais, etc. informações de outro género. Ia acompanhando a vida, a transformação, os milagres que iam acontecendo em Matosinhos. Por alguma razão lhe chamamos o ‘Senhor de Matosinhos’..Era por fazer os milagres que fez lá em Matosinhos e ficou realmente uma Terra irreconhecível.”.Escreveu ainda D. Manuel Martins: “A primeira qualidade que eu sublinhei, tenho lá os papéis ainda, foi realmente a sua comunhão com a terra, comungou com a terra, foi capaz de mergulhar e comungar a terra, entender a terra, entender as pessoas, meter -se, digamos assim no fio da história e na correnteza da história.”.O Senhor “historiador” a seguir escreve que “vemo-los juntos, na longevidade do mando, décadas e décadas à frente dos respetivos concelhos, sempre ao serviço do povo.”.E também no facto de ambos terem entrado em colisão com as direções nacionais dos seus partidos, ou vice-versa.”.Disse ainda o historiador: “… Narciso Miranda corrido do seu partido, após decisão de Sócrates, que o visado qualificou como ‘kafkiana, para não dizer estalinista’. Recorreu, esbracejou. Porém, o Tribunal Constitucional não lhe deu razão e Narciso lamentou-se, pesaroso…”.É verdade que “entrei em colisão com as direções (distrital) nacional do meu partido, ou vice-versa.”.Poderia, a este propósito, considerar que me posso orgulhar de ter no meu currículo a expulsão “ordenada” por José Sócrates (nacional) e assumida por Manuel Pizarro (distrital), dois dirigentes do PS que, neste ato, tiveram, em minha opinião, uma prática ‘Kafkiana para não dizer estalinista’. É que a questão não foi o cumprimento da regra estatuária, mas fazerem-no sem darem o ‘sagrado’ direito de defesa arrasando “o preceito constitucional respeitante aos direitos, liberdades e garantias diretamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas. (Artigo 18.º).”.Mas fizeram pior ao arrepio dos valores do PS e, até prova em contrário, por mesquinha vingança, ao esquecer literalmente o n.º 1 do artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa (CRP) quando este proclama que todos os cidadãos têm a mesma “dignidade social” e estabelece a sua igualdade formal perante a lei..Para que fique claro, o mesmo dirigente distrital, Manuel Pizarro e António Costa (já como Sec. Geral do PS), reafirmaram este princípio de tratamento desigual, conforme conveniências politicamente mesquinhas, quando largas dezenas de militantes cometeram o mesmo “ato/crime” de serem candidatos independentes, entre eles o malogrado Guilherme Pinto e, nestes casos, foram repescados com “pompa e circunstância” à sua condição de militantes do PS que atacaram duramente, nas suas funções autárquicas, pelo menos durante os quatro anos de mandato..É vida… senhor António Araújo, como vê (e fica a saber) uma prova de vida bem diferente da que escreveu, sabe-se lá com que objetivos subjacentes, porque na vida dos partidos nem sempre o parece é..Não preciso de me esforçar muito para reduzir a zero, também nesta parte, a prova de vida do “historiador”, basta registar o que, a meu respeito escreveram outros dirigentes, designadamente Jorge Coelho quando disse que “… Em nome do PS: obrigado por tudo o que tens feito. Fazes política com sentimento e coração, sempre ao serviço do progresso e da solidariedade do teu município. Assim, vale a pena estar na vida pública: para ajudar a modificar a sociedade para melhor.”.Ou Almeida Santos que escreveu: “conheci muita gente… mas adianto desde já que políticos sagazes e empreendedores, empreiteiros de boas causas ao serviço da ação política, poucos conheci, muito poucos, com a generosidade, a fidelidade aos próprios ideais, o sentido do bem comum e a total dedicação da alma à felicidade dos outros, que caracterizam Narciso Miranda.”.Na perversa prova de vida todos estes ex-lideres do PS e altos quadros de craveira política e intelectual incontornável e sobretudo os milhares de militantes do mesmo partido foram enganados ou se enganaram ao não terem percebido que “narciso e Valentim são também a prova viva de que o populismo é mais antigo - e mais enraizado - do que por vezes supomos , e que a sua erupção na política não nasceu com Trump, Bolsonaro ou Ventura.”.Oh meu Deus como foi possível esta alma de tamanha inteligência, cheia de complexos sociais e culturais, descobrir semelhante coisa. Tanta gente e boa gente distraída ou traída por seres populistas tão perigosos que andaram e andam a “contaminar o mundo”..Os próprias Professores Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, com quem este “historiador” diz ter colaborado (segundo afirma no seu Curriculum), transmitiram, algumas vezes, respeito e consideração por este perigoso populista.. Mas Almeida Santos ao escrever que, “As crianças, os idosos e os marginalizados, encontram sempre no ser humano Narciso Miranda uma preocupação latente e uma solidariedade militante”, desfaz as ideias populistas sobre os “populismos” dos outros..Nem Paulo Portas se apercebeu quando escreveu que “A esta Câmara (Matosinhos) preside um homem que eu, como jornalista, não posso deixar de reconhecer que é, com certeza, um dos quatro ou cinco presidentes de Câmara de todo o País - cujo nome, cuja biografia, cujo perfil, eu conheço”. E a seguir disse ainda “No partido Socialista os secretários-gerais passam, mas os Narcisos ficam”. E terminou afirmando “Quero dar-lhe o meu abraço porque tenho, de facto, muita admiração por ele.”. Poderia fazer mais citações, de personalidades de caráter e intelectualmente inatacáveis, mas não desejo sublinhar demasiadamente a minha dose de narcisismo que poderá eventualmente dar matéria para nova e ficcionada prova de vida de António Araújo..No entanto os depoimentos que aqui, com a devida vénia, apresentei são uma prova de vida bem diversa da do “historiador”..Não resisto a comentar algumas afirmações do senhor, designadamente quando escreve que: “Por via da lei fatídica, foram exterminadas várias dezenas dos bichos, alguns deles bem históricos, ou até mesmo pré-históricos. Das espécies extintas, sobressaem Narciso e Valentim…”. O “historiador” enganou-se porque, de facto, “…o bicho pré-histórico Narciso não foi exterminado…por causa da ‘fatídica lei’”..Foi por opção e não por imperativo legal..E escreve ainda “foi candidato a Matosinhos nas autárquicas de 2009, à frente da associação “Narciso Miranda - Matosinhos Sempre”, para ser derrotado sem glória, com 30,7% dos votos, pelo socialista Guilherme Pinto, que tragicamente faleceu em funções, muito novo”..É verdade! ‘Não venci, de facto, todas as vezes que lutei, mas perdi todas as que deixei de lutar’. De outra forma como tantas vezes dizia Mário Soares “Só é vencido quem desiste de lutar”..Mas mesmo assim o “historiador” esqueceu referir que a derrota foi obtendo 27.083 votos (“sem glória”) e 12 anos depois o PS obteve 30.373 (com glória) votos. Apenas mais 3 290 votos em 151.342 eleitores e 69 mil votantes..Salientou ainda que “devo ser o único quadro do PS com alguma visibilidade que recusou tachos que ao mais alto nível me ofereceram” (DN, de 7/4/2011). Este senhor em vez de valorizar este facto concreto tenta, nesta simples e liminar afirmação, colocar uma carga depreciativa confrangedora e mesquinha..Não fujo a comentar as duas afirmações mais sombrias que, de facto, não são simpáticas para mim..A primeira sobre aos acontecimentos da lota de há vinte anos. Fica pela primeira vez a garantia que falarei sobre este desagradável e triste acontecimento num livro que preparo onde me limitarei a comentar factos concretos resultantes de insuspeitas avaliações, análises ou inquéritos realizados sobre o assunto. Fui aconselhado, face ao envolvimento de figuras públicas, a fazê-lo apenas passados 20 a 25 anos..A segunda refere-se a uma decisão judicial que me condenou por “abuso de confiança e falsificação de documentos” de uma Associação com o meu próprio nome e presidida por uma das minhas maiores e melhores amigas. Também falarei sobre este assunto, em tempo oportuno, face a condicionamentos de ordem legal. Não deixarei, no entanto, de referir que a condenação é sustentada num único depoimento de uma das cerca de trinta testemunhas, curiosamente militante, quadro e ex-autarca do PS. Reconheço que fui manifestamente incompetente na minha defesa para desmontar falsas afirmações que sei bem das suas razões..Sei bem, por experiência de vida, que pessoas altamente competentes a mentir e outra manifestamente incompetentes a falar e defender a verdade.. O senhor “historiador” tem razão porque (citando o Papa Francisco) a minha vida não foi uma vida igual à água destilada, foi de água alcalina, mas com um satisfatório grau de pureza..Com orgulho, volto a referi, sou oriundo de uma família da classe baixa, mesmo baixa, onde as carências eram gritantes mas onde sempre aprendi o valor do caráter, honra e respeito pelos valores humanos..Frequentei a escola secundária de Viana com deslocações diárias de comboio que partia da estação da aldeia às sete horas e, para lá chegar percorria sete quilómetros por caminhos e atalhos..Na minha memória tenho bem presente que os meus pais pagavam em prestações os livros e material didático que tinha de comprar..Comecei como pode verificar a trabalhar bem cedo, ainda jovem e a beneficiar dos apoios da Efacec. - empresa com uma cultura política inspirada nos valores humanos e da democracia europeia..A condição de menino pobre que nasceu e cresceu no seio de uma família que enfrentou tremendas dificuldades e injustiças, obrigou-me a “crescer depressa”, não beneficiando dos direitos de ser criança e adolescente para fazer de mim homem antes do tempo ser homem……foram estas origens de que me honro que traçaram toda a minha verdadeira prova de vida..Pode o senhor “historiador” António Araújo “gulosar” estas mensagens para a próxima história que queira, ou lhe peçam, para me atacar novamente. Mas é importante perceber, ou tentar perceber, o que representa humildade sustentada na verdade, honra e valores, com princípios, como pilares de uma vida que faz a prova verdadeira de vida e não as distorções malévolas com mentiras e apreciações..Sim, andei pela “esquerda romântica” tornando-me militante do PS poucos meses após o 25 de abril. Rapidamente comecei a conviver com Mário Soares, Almeida Santos e Salgado Zenha e com estes aprendi a lutar pelas liberdade e contra quaisquer tendências totalitárias e foi nessa luta que irreversivelmente me afastei das esquerdas com tendências totalitárias e aderi ao socialismo democrático de Ollof Palm, ou Mário Soares onde posso incluir, também como referência Sá Carneiro..No PS passei por todos os cargos de eleição da base até ao topo (exceto obviamente os dois cargos de topo: Secretário Geral e Presidente do partido). Fui, por isso, militante de base, Secretário Coordenador de secção, presidente de Concelhia, presidente de distrital, membro de Secretariado nacional e comissões permanente, nacional e política e, o que constitui para mim uma honra, durante as lideranças de Mário Soares, Vitor Constância, Jorge Sampaio, António Guterres e Ferro Rodrigues..Na vida pública fui, de facto, presidente da Câmara de Matosinhos quase três décadas, candidato e eleito Deputado, pelo PS, em oito eleições legislativas, uma vez candidato (não eleito) nas primeiras eleições europeias, um mandato no Comité das Regiões, fundador e vice presidente da Associação Nacional dos Municípios, membro das administrações do Metro do Porto, Portgás, Cefa, MatosinhoSport, MatosinhosHabit, entre outras..E questiono como foi possível “enganar” tanta gente se fosse verdade o que o “historiador” escreveu..Fui escrutinado sem limites, as minhas contas bancárias e o meu “património” foram vistos e revistos, à lupa. Resisti, contra todos os abusos. Denunciei-os de forma enérgica..Tenho um enorme orgulho em afirmar que em três décadas de funções públicas, não há uma única acusação em matérias como abuso de poder, prevaricação, corrupção, etc. e disso tenho um enorme orgulho..O “historiador” tentou criar uma narrativa contrária. Não conseguiu..A vida ensinou-me a temer mais os silêncios ensurdecedores do que as calúnias e as injúrias feitas pelos meus detratores mesmo, algumas vezes, vindas de gente frágil, sem carisma, fracos, e obcecados em apagar ou ofuscar traços marcantes que ninguém apagará..Sim, esta é a minha verdadeira prova de vida. Ninguém, por mais insidioso e mal intencionado que seja, poderá reescrever a minha história, sem merecer o meu profundo e enérgico repúdio..Conta a minha consciência mais forte que opiniões de detratores e a profunda convicção de deixar a herança da honra e do caráter às filhas e netos..Porque não vale tudo, porque não alinho em silêncios politicamente corretos, porque nunca tive, não tenho, nem terei, medo de detratores, aqui fica o meu veemente protesto por esta grosseira avaliação de um senhor que pelo li a seu respeito, não acerta uma.