A fatura do turismo, o "caminho irreversível" e a ministra no olho do furacão

A fatura do turismo, o "caminho irreversível" e a ministra no olho do furacão

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Dois capitães que deixam pesada herança

Sábado, 6 de julho

No mesmo dia, FC Porto e Sporting anunciaram o adeus dos seus capitães. Se a saída de Pepe já estava a ser preparada no Dragão, mesmo que as prestações do central no Euro2024 tenham comprovado que, aos 41 anos, continua a ser uma mais-valia (pelo menos para ciclos curtos de jogos, o que é bem diferente de uma temporada inteira), já o regresso de Coates ao Uruguai (para jogar no Nacional de Montevideu) apanhou de surpresa a direção e a equipa técnica leonina, até porque, aos 33 anos, o defesa teria toda as condições para continuar o esquema tático dos três centrais, fórmula de sucesso de Rúben Amorim que tanto contribuiu para o Sporting ter voltado a festejar na época passada a conquista do campeonato nacional. Pepe e Coates corporizam também um aspeto cada vez mais raro no futebol português: a capacidade de reter ativos importantes e com mercado internacional. Os dois, sendo sempre titulares, atuaram durante nove épocas nos respetivos clubes (Pepe em dois períodos diferentes) somando em conjunto 659 jogos (Coates 369 e Pepe 290). Capitães de facto, com força e carisma no balneário. A herança que deixam será pesada.

Os veteranos Coates e Pepe estão de saída de Sporting e FC Porto. -- Foto: PEDRO CORREIA/GLOBAL IMAGENS

França e a vontade de mudar. Mesmo com volte-face

Domingo, 7 de julho

Contrariando as sondagens, a Reunião Nacional (RN), de extrema-direita, passou, no espaço de uma semana, de força política mais votada na 1.ª volta das Legislativas (e nas Europeias de junho) para terceira preferência dos franceses (votaram aproximadamente 29 milhões, num dos atos eleitorais mais concorridos de sempre), atrás do Ensemble (bloco político afeto ao presidente Emmanuel Macron) e do vencedor da noite, a Nova Frente Popular, uma aliança de partidos que vão da extrema-esquerda (França Insubmissa) à esquerda mais moderada (Partido Socialista). A ação da chamada Frente Republicana para evitar a dispersão dos votos anti-RN conseguiu impedir o triunfo da extrema-direita, mas ainda assim o partido de Marine Le Pen cresceu bastante: passou de 88 para 126 deputados. Certo é que das eleições não resultou uma maioria absoluta, pelo que os próximos tempos serão de negociações para se encontrar um nome a apresentar a Macron para ser indigitado primeiro-ministro. Com a Assembleia Nacional fragmentada e perante o risco de paralisia legislativa, Macron poderá até usar os decretos presidenciais para aumentar a intervenção nas políticas do país. No entanto, não foi no reforço dos poderes presidenciais que os franceses votaram: o que ficou expresso nas urnas foi o desejo de mudança. Em 2027, com Macron de saída, irão as Presidenciais ser disputadas pelos extremos? 2024 parece demonstrar que sim.

As eleições francesas foram das mais concorridas de sempre. -- Foto: EPA / YOAN VALAT

“Welcome to Portugal.” Até quando?

Segunda-feira, 8 de julho

Mesmo com alguns dos piores aeroportos do mundo, segundo o ranking da AirHelp, com destaque para o de Lisboa (só cinco são piores), o setor do turismo segue de vento em popa em Portugal e a bater recordes. Os dados do INE mostram que em 2023 o país recebeu 26,5 milhões de turistas não-residentes. Trata-se de um crescimento de 19,2% em relação ao ano anterior e de 7,7% na comparação com 2019, o último ano antes da pandemia, que tinha fixado o recorde. O aumento do turismo em Portugal segue, de resto, uma tendência mundial que será ainda mais notada no final de 2024, segundo um estudo da OCDE publicado esta segunda-feira, em que alerta para a necessidade de se implementarem políticas que o tornem mais sustentável do ponto de vista ambiental e para que os seus benefícios sejam melhor distribuídos pela população. O turismo traz receita? Sim. É benéfico para o país? Também, até certo ponto, se não ficarmos reféns desta estratégia económica tão dependente de um só setor de atividade. A fatura para o cidadão comum tem outras faces: menos casas no mercado para arrendar, subida do custo de vida em zonas mais turísticas, férias mais caras para o turista nacional e sobrelotação de algumas cidades em períodos de pico da procura. Assim, aos poucos, ter um sorriso no rosto enquanto se diz “Welcome to Portugal” vai-se tornando um exercício cada vez mais complicado.

Em 2023, Portugal recebeu 26,5 milhões de turistas não-residentes, um novo recorde. -- Foto: GERARDO SANTOS/GLOBAL IMAGENS

Joana Marques Vidal tem lugar na História

Terça-feira, 9 de julho

No dia em que ainda se discutia os efeitos da entrevista de Lucília Gago à RTP, foi conhecida a morte da sua antecessora no cargo de procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, aos 68 anos. Marcelo Rebelo de Sousa reagiu através de uma nota no site da Presidência da República, destacando “a participação cívica e a defesa dos direitos fundamentais, neles avultando o papel da mulher e a defesa dos mais frágeis e discriminados” preconizados por Joana Marques Vidal, que fez história em 2012 ao tornar-se a primeira mulher em Portugal a liderar a Procuradoria. A Operação Marquês (que levou a uma inédita detenção preventiva de um ex-primeiro-ministro em Portugal, José Sócrates), os inquéritos do BES, dos Vistos Gold e o caso do incêndio de Pedrógão Grande foram apenas alguns dos processos mais polémicos que enfrentou durante o seu mandato de seis anos.

Joana Marques Vidal morreu no Hospital de São João, no Porto. Tinha 68 anos. -- Foto: MARIA JOÃO GALA/GLOBAL IMAGENS

Inglaterra junta-se a Espanha em final de luxo

Quarta-feira, 10 de julho

Um golo do suplente Ollie Watkins, já em tempo de descontos, valeu à Inglaterra o triunfo por 2-1 frente aos Países Baixos e, mais do que isso, a qualificação para a final do Euro2024. Esta é a segunda final consecutiva para os britânicos. Em 2021, em casa (Wembley), perderam nos penáltis frente a Itália e não conseguiram repetir a façanha de 1966 quando, no mesmo estádio, venceram o Mundial frente à Alemanha, conquistando aquele que é, até hoje, o seu único título internacional. Quebrar o enguiço não será, de todo, uma tarefa fácil, pois o adversário é a poderosa Espanha que, embalada pelo talento e irreverência de Lamine Yamal, de apenas 16 anos, já venceu neste Europeu três Campeões do Mundo: Itália, Alemanha e França. Estão reunidos os condimentos para um grande jogo de futebol amanhã, às 20.00 horas, em Berlim, que será dirigido pelo francês François Letexier, de 35 anos, o mais jovem árbitro de sempre a dirigir uma final da prova. Outro marco histórico.

Festa dos adeptos ingleses. Estão de regresso à final do Campeonato da Europa. -- Foto: Oli SCARFF / AFP

NATO. Ucrânia feliz com “caminho irreversível”

Quinta-feira, 11 de julho

A Cimeira da NATO, que assinalou o 75.º aniversário da Aliança Atlântica, ainda não foi a do convite formal à adesão da Ucrânia, mas o texto da declaração final dos parceiros, que estiveram reunidos em Washington, já expressa que esse é “um caminho irreversível”. Volodymyr Zelensky, presente na cimeira como convidado, mostrou-se satisfeito com os termos utilizados pelos Aliados militares e com o compromisso que assumiram a longo prazo na defesa da Ucrânia, apelando, no entanto, ao levantamento de todas as restrições ao uso de armamento ocidental contra a Rússia. “Se queremos ganhar, se queremos prevalecer, se queremos salvar o nosso país e defendê-lo, devemos levantar todas as restrições”, afirmou, ao lado de Jens Stoltenberg que, em outubro, passará testemunho ao neerlandês Mark Rutte na liderança da NATO. Kiev também viu ser aprovado pelos 32 Aliados (entre eles Portugal) um financiamento mínimo de 40 mil milhões de euros durante o próximo ano.

Zelensky e Stoltenberg na Cimeira da NATO. Caminho para a adesão da Ucrânia à Aliança é “irreversível”. -- Foto: EPA / JIM LO SCALZO

Uma ministra que não sai do olho do furacão

Sexta-feira, 12 de julho

O conturbado processo de substituição de Fernando Araújo por Gandra d’Almeida à frente da Direção Executiva do SNS; o Plano da Saúde para o Verão que, afinal, passa sobretudo por ligar para o SNS24; a publicação fora do prazo prometido da lista de Urgências em funcionamento; a tentativa de responsabilizar as administrações dos hospitais pela falta de médicos nas escalas quando estas se queixam de terem a sua ação limitada por não poderem fazer contratações; a alegada redução do número de doentes oncológicos à espera de cirurgia que, no entender do movimento Médicos em Luta – o mesmo que ameaça exortar os clínicos a não fazerem mais horas extraordinárias do que aquelas que são obrigatórias – não passa de uma “operação de cosmética”; e, agora, a dupla nomeação (em pouco mais de uma semana) para a liderança do INEM. Ana Paula Martins leva 100 dias como ministra da Saúde e, de polémica em polémica, não sai do olho do furacão. Terá tempo (e força política) para emendar a mão?

Ana Paula Martins não se livra de polémicas na Saúde. -- Foto: ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA

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