Organizações internacionais como o Banco Mundial ou o Fórum Económico Mundial têm dedicado especial atenção aos impactos da pandemia na educação e a urgência de políticas neste setor que contrariem o seu tremendo impacto no futuro de crianças e jovens. A oferta educativa regular, praticamente, paralisou no mundo inteiro, com efeitos devastadores nas regiões onde os indicadores já apontavam para fracos resultados e baixas taxas de conclusão dos percursos educativos..Desde meados do ano passado, a OIT vem alertando que a perda de empregos pode ultrapassar a que ocorreu na crise financeira de 2008, com consequências em cascata, em particular sobre os mais frágeis. A pandemia provocou um generalizado aumento das desigualdades, afetando sobremaneira as mulheres, mas também os jovens cuja integração no mercado de trabalho se tornou ainda mais difícil..Quando em março de 2020 o vírus nos apanhou, a maioria não imaginava que passado um ano continuaria a ter um imenso impacto nas nossas vidas, com vagas mais perigosas e um horizonte pouco seguro, apesar das vacinas e da esperança que trazem. Ainda nos encontramos num tempo em que a saúde vem primeiro, mas tem sido generalizada a preocupação com os efeitos na educação e nas aprendizagens tendo também em conta o mundo do trabalho..Muitos dos estudos e reflexões sobre educação que surgiram a nível global centram-se na resposta aos desafios que o mundo do trabalho vai colocar depois da pandemia. Entendemos aqui educação em sentido lato, abrangendo não só a escolaridade obrigatória como a formação superior, profissional e ao longo da vida..Cada vez mais se reconhece a importância de uma educação baseada em competências que prepare para as mudanças aceleradas a que vínhamos assistindo e se tornarão mais rápidas. O drama que vivemos tornou-se de maior expressão, não só pelo encerramento das escolas, mas também porque a formação profissional e a formação ao longo da vida ficaram suspensas, sobretudo nos países com menores qualificações..Na região ibero-americana, a OEI lançou o Instituto de Educação e Produtividade que agrega empresas e atores envolvidos na educação, na inovação e na tecnologia, criando um ecossistema que permita apresentar propostas para uma maior resiliência das economias e dos mercados de trabalho. Na mesma linha, foi reforçado o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida..Na reunião que ontem juntou as ministras e os ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP, e em que a OEI esteve presente como representante dos observadores associados, foi generalizada a preocupação com a qualificação dos trabalhadores e, em particular, a importância das competências digitais..Em diferentes regiões, os países entenderam a necessidade de proteger o emprego e manter a máquina produtiva pronta a recomeçar. Também entenderam as vantagens de trabalhar em rede, partilhar conhecimento, pôr em marcha mecanismos de cooperação e, sobretudo, não deixar os mais jovens para trás..Se o acesso às redes digitais é, cada vez mais, considerado como bem comum que deve chegar a todos, também se reconhece que o ensino e a formação à distância têm limitações que exigem o regresso ao presencial. A próxima abertura de todos os ciclos escolares em Portugal é a melhor notícia que a esperança no futuro nos pode trazer. Como também os programas de requalificação focados nos desafios do mercado de trabalho ou o desenvolvimento de novas competências e conhecimentos agregando valor às formações iniciais..Ao tempo de cuidar da saúde, junta-se a urgência de cuidar da educação e da formação de crianças, jovens e adultos. Assim construímos o futuro..Diretora em Portugal da Organização de Estados Ibero-Americanos