A ditadura voltou
É oficial. Vivemos em ditadura! Vivo num país em que parece que todos querem viver.
Um país de gente boa e educada, com um clima muito convidativo e que se enche de gente de fora que, por isso, para cá quer vir viver.
Um país que se diz democrata e também de brandos costumes.
Mas um país em que as suas gentes se habituam facilmente a ser subjugadas por aqueles que, por melhores ou piores razões, acedem ao poder.
Hoje, em Portugal, já não posso dizer livremente o que penso, pois se não disser aquilo que pensam os que dominam a opinião passo a ser, de imediato, um extremista ou alguém que só quer o mal alheio.
Se não gostar de estar rodeado de animais domésticos -- e eu sempre os tive -- sou um aborto social e um perigoso delinquente.
Se não quiser educar os meus filhos na escola pública, sou um perigoso antidemocrata.
Se quiser ter acesso a uma saúde privada sou um déspota social.
Já não podemos ser distinguidos pelas nossas características, sejam de cor, de raça ou de preferências, características individuais de que nos orgulhamos, pois essa diferenciação permite-nos ter uma identidade, coisa que neste país hoje é como uma doença.
A capacidade de sermos diferentes torna-nos perigosos para quem quer dominar todo um país.
É, por isso, fundamental que sejamos apenas um número sem características, o que permite que mais facilmente sejamos dominados.
Passámos anos a tentar conseguir fazer deste país uma sociedade que respeitasse as diferenças.
Lutámos por dar às mulheres direitos iguais aos dos homens, que as raças fossem tratadas por igual e que as diferentes ideias pudessem ser respeitadas.
Todos sabemos que, apesar de termos feito um grande caminho em todas estas circunstâncias, muito ainda estava por fazer e que muito esforço devia ser reunido em torno deste objetivo.
Mas, veio a esquerda mais radical e, como é incapaz de resolver aqueles problemas, resolve que a solução para o igual tratamento das diferenças resolve-se, não pelo respeito por essas diferenças, mas fingindo que as diferenças não existem e que todos somos iguais.
Uma ideia absurda que se baseia na mentira para fingir que o problema ficou resolvido e que beneficia o autoritarismo e o domínio por contraposição à liberdade.
Passámos anos a lutar por haver, nos lugares públicos, uma casa de banho diferenciado para homens e mulheres. Hoje querem obrigar-nos a partilhar essa mesma casa de banho.
Uma vez que não se conseguiu igualar o respeito pela diferença, anula-se a própria diferença.
Neste país em que vivo, ser extremista do lado de quem tem o poder é ser democrata e ser extremista do outro lado é ser psicopata.
Neste país em que eu vivo, todos dizem respeitar os direitos do cidadão, desde que o cidadão pense o que eles pensam, diga o que eles dizem e cale as suas necessidades.
Nesta semana que passou chegou o momento de nos atacarem a propriedade privada.
Ninguém poderá mais decidir o que fazer com aquilo que lhe pertence.
O Estado passará a decidir por cada um de nós.
E fecha-se o ciclo.
Dominaram as nossas ideias, dominaram as nossas escolhas, dominaram as nossas vontades e, finalmente, vão tomar conta das nossas propriedades.
É oficial. Vivemos em ditadura!
bruno.bobone.dn@gmail.com