A AI vai mesmo eliminar muitos empregos?

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Um inquérito da Gallup (de junho de 2025) [nos EUA] mostra um aumento do uso de inteligência artificial (AI) no local de trabalho, embora conclua não ser provável que os trabalhadores sejam substituídos por AI em breve. Todavia, c. 15% dos trabalhadores afirmam ser provável que a automação, a robótica ou a AI eliminem os seus empregos nos próximos 5 anos. 

 Já em 2024 o FMI alertava que “as novas tecnologias de AI generativa têm imenso potencial para aumentar a produtividade e melhorar a prestação de serviços públicos, mas a velocidade e a escala da transformação também levantam preocupações sobre a perda de empregos e o aumento da desigualdade”, deixando “grandes parcelas” de pessoas sem trabalho durante longos períodos.  

Responsáveis de empresas desenvolvendo AI têm assumido a perda de muitos empregos hoje desempenhados por pessoas humanas. O CEO da IBM, Arvind Krishna, numa entrevista à CNBC, referiu que a AI generativa e os modelos de linguagem de grande escala têm o potencial de “tornar todos os processos empresariais mais produtivos”, o que “significa que se pode realizar o mesmo trabalho com menos pessoas.” Também o CEO da Amazon, Andy Jassy, ​​disse esperar “nos próximos anos, que reduzir a força de trabalho total, à medida que obtivermos ganhos de eficiência com a utilização extensiva da AI ​​em toda a empresa”. 

Jensen Huang, o CEO da Nvidia, pintou um panorama mais otimista: “alguns empregos serão perdidos, alguns serão criados, mas todos os empregos serão afetados. Não vai perder o seu emprego para a AI. Vai perder o seu emprego para alguém que usa AI.” 

Porém, Dario Amodei – CEO da Anthropic, uma das mais poderosas criadoras de AI do mundo – fez recentemente um alerta assustador: a AI pode causar a possível eliminação em massa de empregos em tecnologia, finanças, direito, consultoria e outras profissões de colarinho branco, especialmente empregos de nível básico, aumentando o desemprego para 10% a 20%, nos próximos 5 anos. Também o CEO da Ford prevê que a AI substitua “literalmente metade de todos os trabalhadores de colarinho branco”. 

 Segundo um estudo de 26 de agosto de 2025 de investigadores da Universidade de Stanford, os empregos de nível básico para trabalhadores entre os 22 e os 25 anos diminuíram 13% desde a adoção generalizada da AI generativa. 

O CEO da Meta, M. Zuckerberg, espera que a AI escreva metade do código da empresa em 2026. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que cerca de 30% do código da sua empresa já está a ser escrito pela AI (95% em 2030); só este ano, a Microsoft já despediu 15.000 trabalhadores. A JPMorgan anunciou que a AI permitirá ao banco reduzir o número de funcionários em 10% nas operações e serviços de contas. Talvez seja a altura de discutir menos a espuma dos dias e mais como mitigar os efeitos deste desemprego adicional iminente. 

Consultor financeiro e business developer

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