Se se vier a constatar uma evolução da economia portuguesa “ceteris paribus”, isto é, em que tudo o mais se mantém constante, em termos tendenciais, então a taxa de crescimento do PIB português deverá situar-se entre os 1,8 e os 2% em 2026, numa UE a expandir-se 1 a 1,3%, o que significaria que, mais uma vez, cresceríamos acima do conjunto da União Europeia.Todavia, se considerarmos que existe uma tendência para um Mundo Multipolar, assente em três polos, a saber, os EUA, a China e a Rússia, com subalternização da Europa e do Continente Africano e com reforço de um “mecanismo de dependência” da América Latina em relação aos EUA, já tudo poderá ser diferente.Para a administração Trump o Novo Mundo Multipolar deveria compreender, também, a Índia e o Japão, mas se é possível -ainda que com algumas justificadas dúvidas, dadas as divergências geo-estratégicas existentes entre a Índia e a China - considerar esta última no conjunto de países potencialmente hegemónicos com zonas de intervenção articuladas, já o Japão obedece a uma lógica comportamental diferente.Mas, com Índia ou sem Índia, a Europa, i.e., a UE seria subalternizada e haveria dois cenários alternativos a considerar: ou a rendição da Ucrânia, do agrado do Sr. Putin e do Sr. Trump, ou a manutenção da guerra na Europa.Em qualquer dos casos, a Europa ou envereda pelo reforço de um eixo federalizador, na linha das propostas apresentadas por Mario Draghi, ou passa a estar confrontada com a emergência, ainda mais intensa do que aquela a que se tem vindo a assistir, de nacionalismos exacerbados.O reforço da extrema direita levaria à destruição do projecto de integração europeia que permitiu que a Europa vivesse em paz 80 anos, apresentando-se provável que se verificassem conflitos (latentes ou efectivos) no Continente Europeu, com as consequências daí decorrentes.A via federalizadora seria a única que permitiria reforçar a UE, aumentando a sua capacidade negocial no concerto mundial, bem como, em particular, face à Federação Russa.Se um alemão ou, até mesmo um francês, fosse anti-federalista, ainda o autor destas linhas faria um esforço para o compreender. Agora, se um português se apresentar radicalmente, anti-federalista e pró-nacionalista exacerbado, sendo Portugal um pequeno país e com uma pequena economia aberta, teria sempre a tentação de o aconselhar a ir a um psicólogo.Enfim, tudo indica que teremos de optar por um “impulso federalizador”, quer haja um Armistício na Ucrânia, quer continue a guerra, porque teremos, em qualquer das circunstâncias, de prevenir o futuro, apostando numa reindustrialização da Europa e numa coordenação das Políticas de Defesa Europeias.Nesse caso – e só nesse caso – a taxa média de crescimento da UE poderia aumentar, em 2026, para cerca de 2% e em Portugal para 2,5 a 3%.Caso, todavia, a evolução viesse a ser diferente, poderíamos estar confrontados, em 2026-2027, com uma situação caótica na Europa, com conflitos agudos a nível interno.Como sou moderadamente optimista – e a constância do apoio da UE à Ucrânia tem vindo a contribuir para esse optimismo – acredito na via da federalização e acredito, ainda, não vir a pertencer ao conjunto daqueles que precisam de solicitar os serviços de um psicólogo.Nem mais, nem menos…Economista e professor universitário. Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico