Todos, sem exceção, estamos saturados da situação que a pandemia de covid-19 impôs pessoalmente nas nossas vidas, mas também coletivamente enquanto sociedade, nas nossas empresas e na economia..Apesar de se voltar a falar em novas vagas, estamos à porta de mais um verão e começa-se a pensar, novamente, numa reabertura agora mais sustentada, suportada pela (suposta) imunidade que a vacina trará e que nos permitirá retomar a vida o mais perto possível da normalidade..A reabertura das nossas empresas e da nossa economia deve ser preparada e antecipada. É preciso, por isso, pensá-la, estruturá-la e adequá-la ao momento sanitário, mas também ao momento económico. Não nos podemos esquecer de que muitas empresas foram obrigadas a reinventar-se, a readaptar-se, a reduzir custos e agora podem não estar em condições de responder à procura, que se adivinha (e deseja) intensa no pós-confinamento..É aqui que um plano atempado pode ajudar, permitindo alguma previsibilidade, que as empresas há mais de um ano não têm. O planeamento é absolutamente necessário para qualquer negócio, e especialmente para quem opera na atividade turística, como é o caso das empresas que trabalham no alojamento turístico e na restauração e bebidas..As empresas precisam de planear as suas atividades, de perceber como podem organizar a sua estrutura, assegurar os seus compromissos financeiros, aceitar reservas, repor os seus stocks, desenhar os horários dos seus trabalhadores, e isso não se compadece com avisos prévios de menos de uma semana..Estamos cientes que o desconfinamento poderá ser faseado, por atividades, mas deve ser possível estabelecer-se critérios objetivos em função da evolução da pandemia que venha a conhecer-se. Sabemos da imprevisibilidade que toda esta situação impõe, mas reabrir um setor e ter de o voltar a fechar tem sido extremamente penoso, quer a nível financeiro quer a nível anímico, com a desmotivação e o desânimo a instalarem-se cada vez mais no espírito dos empresários..E depois há a questão da comunicação, que tem sido muito falada, mas também menosprezada e muito pouco eficaz. Divulgar antecipadamente as medidas, eliminar as contradições existentes, estabilizar as perspetivas dos cidadãos e das empresas, e comunicar bem essas medidas, faz mais diferença do que à primeira vista pode parecer. Ou melhor, faz toda a diferença, além de que é o maior impulsionador do cumprimento das regras..É, assim, fundamental que a reabertura se dê, mas em segurança suficiente para não se correr o risco de voltar a fechar, o que seria desastroso. Para isso, e como já o referi, o Estado deve planear e comunicar com antecipação, sendo, ao mesmo tempo, absolutamente crucial dotar as empresas dos apoios (robustos e ágeis) necessários para que consigam iniciar uma retoma, a que se seguirá, desejavelmente, a recuperação até aos níveis pré-covid..Hoje, a única coisa que temos como certa é a vontade e a saudade que todos temos de voltar a viajar, pernoitar num alojamento turístico, beber um café numa esplanada, jantar num restaurante, conversar num bar ou dançar numa discoteca..Apesar da incerteza que ainda paira no ar, temos de acreditar que a cada dia que passa estamos mais perto do fim deste pesadelo e mais perto de retornarmos ao nosso normal. Mas até que isso aconteça, há um caminho que tem de ser percorrido com muita competência, muita responsabilidade e muita sensatez.. Secretária-geral da AHRESP