Até amanhã, camaradas
Aos 12 anos, João Oliveira soube que a União Soviética tinha chegado ao fim porque, em casa, os pais e o avô materno, comunista, discutiam apaixonadamente o desenrolar dos acontecimentos. «Percebi que eles estavam preocupados com o que aquilo significava - para o futuro, para os portugueses e para o partido. Mas eu não tinha bem a perceção das coisas», diz. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, as ondas de choque do desmantelamento do bloco comunista da Europa de Leste chegaram a Portugal sob a forma de divergências e fraturas no Partido Comunista Português. Alguns dos que começaram a questionar se o modelo comunista tinha pernas para andar afastaram-se do partido e juntaram-se a outras formações políticas.
Na altura, acabado de completar 70 anos, o PCP, partido mais antigo em Portugal, parecia, aos olhos da opinião pública, fragilizado e até em risco.