"Voto feminino faz mal à democracia" e "vírus não é letal". As ideias do ministro da saúde que os bolsonaristas desejam
"Aterro em Brasília em breve. Os media não param de me ligar. Veremos o que sairá nas próximas horas", escreveu Ítalo Marsilli, o auto proclamado psiquiatra - não tem registo, dizem as entidades que regulam a área - e youtuber que a ala mais radical do bolsonarismo deseja ver como novo ministro da saúde do Brasil.
O nome de Marsilli tornou-se um dos assuntos mais comentados do dia nas redes sociais do país, logo depois de ter sido especulado como substituto de Nelson Teich, que se demitiu da pasta na semana passada e que sucedeu, por sua vez, a Luiz Henrique Mandetta. Eduardo Pazuello, um general, ocupa interinamente o cargo.
"Uma coisa ninguém pode negar: nunca houve uma mobilização popular para a escolha de um ministro. O governo Bolsonaro - chorem - é o governo mais democrático da história", continuou Marsilli, enchendo de esperança os bolsonaristas, apesar de oficialmente não constar da agenda presidencial nenhum encontro com ele.
Marsilli, que inclui no seu currículo profissional ter vivido dois anos com Olavo de Carvalho, o guru bolsonarista radicado na Virgínia, é uma subcelebridade da internet por causa dos seus vídeos bizarros.
Num deles disse ter curado um pedófilo aconselhando-o a procurar uma prostituta com cara de criança.
Em conversa online com outros bolsonaristas criticou o voto feminino: "Desde o voto pleno, com mulheres e tudo, há uma crise na regência do estado (...) Para ter o voto de uma mulher basta seduzi-la (;...) Churchill jamais seria eleito hoje porque não se enquadra, bebia uisque e fumava charuto (...) Collor foi eleito porque era bonitão".
Numa live mais recente garante que o coronavírus "não é letal". "A Covid não é letal. As pessoas morrem engasgadas numa noite de orgia. Morrem de gripe, morrem de pneumonia. Você pode morrer hoje. Sabia que nas férias os acidentes domésticos aumentam em 50%? Quantas pessoas morreram de acidente doméstico nesse período?", afirmou.
Na mesma conversa, chama os membros do Supremo Tribunal Federal de "vagabundos" que querem derrubar "o piloto do avião com toda a gente dentro", presumindo-se que Bolsonaro seja o piloto e o avião o Brasil, e os governadores estaduais favoráveis ao confinamento de "ignorantes".